O último debate do primeiro turno entre os candidatos ao governo de São Paulo foi realizado na terça-feira (2), na TV Globo. O ponto alto do debate se deu no enfrentamento do atual governador e candidato Márcio França (PSB), com o candidato bolso-tucano João Doria (PSDB).
Durante o debate, Doria realizou dobradinhas com o candidato do PRTB, que apoia a candidatura de Bolsonaro, um certo Rodrigo Tavares, ultrapassando o limite da indecência. Das quatro perguntas que Doria fez a adversários, três foram para Tavares – e este escolheu Doria para responder duas vezes.
O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, a quem Doria deve a sua carreira, foi tratado como inexistente.
Além disso, Doria procurou imitar Bolsonaro até mesmo em declarações estúpidas como a de que, se eleito, “a polícia vai atirar para matar” – exatamente o que Alckmin, em seu horário eleitoral, tem condenado em Bolsonaro.
Doria é um adepto da escola nazista de marketing, aquela em que se pode (e até se deve) dizer qualquer coisa, por mais mentirosa ou absurda que seja, desde que se obtenha alguma vantagem com isso.
A intervenção de Márcio França teve o mérito de expor essa questão:
“Você usou uma expressão, que ‘a polícia tem que matar’, ‘a polícia tem que matar’. Claro que nós temos que ter policiais com pulso, como eu fiz, no caso daquela cabo, mas nós não temos que ter polícia que mata as pessoas; a polícia é feita para defender as pessoas; todas as pessoas precisam da proteção da polícia. Se a gente tiver uma orientação do governador para a polícia matar as pessoas, não é uma coisa correta”.
França referia-se à cabo Kátia da Silva Sastre, que ele condecorou, por defender crianças e mães na porta de uma escola, inclusive atirando em um assaltante (v. A merecida condecoração da cabo Kátia).
No debate, Doria replicou a França com uma série de slogans (do tipo: “comigo é polícia na rua e bandido na cadeia”).
Márcio França respondeu:
“Tudo bem, é uma frase, eu percebo que as pessoas te orientam e você repete a frase ‘o bandido na cadeia, polícia na rua’. Enfim, tudo, na sua campanha, para mim sempre parece uma coisa de marketing, não parece uma coisa sincera. Eu conheço você, muitas coisas que você fala não parecem verdadeiras”.
Doria tentou interromper Márcio França, que comentou: “não precisa bater boca comigo, não precisa ficar nervoso, você não manda nas coisas”.
Doria, outra vez, interrompeu, recebendo a resposta: “você não manda nas pessoas, João, você não manda, não meça as pessoas por você”.
Depois de mais uma interrupção, França recorreu aos mediadores do debate, e continuou:
“É assim, tudo o que você quer tem que ser do seu jeito, ou ninguém pode falar, é uma coisa incrível; você não tem esse direito, as pessoas, todas as outras, também têm os seus direitos” e mencionou a falta de limite de Doria: “quando você ofende as pessoas, como me ofendeu, na questão de ser gordo ou magro, sobre a minha cirurgia, quando a diabetes [tornou-a necessária]”.
Doria tem usado, na propaganda eleitoral, o fato de que França fez uma cirurgia de emagrecimento, para atacá-lo.
Participaram do debate, além de França e Doria, Paulo Skaf (MDB), Lisete Arelaro (PSOL), Marcelo Cândido (PDT), Rodrigo Tavares (PRTB) e Luiz Marinho (PT).
Além de França, Marcelo Candido (PDT) teve um confronto com Doria, ao lembrar que este não terminou o mandato na prefeitura de São Paulo.
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Este João Dória deveria ser chamado de João Dói é mais uma farsa na política nacional é muito antipático e nojento quando fala de qualquer assunto, não sei como os paulistas suportam votar num indivíduo como este.