O governo federal divulgou na sexta-feira (1/5), através da Secretaria Especial da Fazenda do Ministério da Economia, que desembolsou apenas R$ 59,9 bilhões de um total de RS 253 bilhões autorizados até o momento para o combate ao coronavírus.
Dos R$ 59,9 bilhões, a maior parte se refere ao auxílio emergencial de R$ 600 reais para os beneficiários do Bolsa Família e do Cadastro Único e para os trabalhadores informais, MEI e contribuintes individuais.
Segundo a Caixa Econômica Federal, desde o dia 9 de abril, quando teve início o pagamento do Auxílio Emergencial de R$ 600, até sexta-feira (1/5) foram creditados R$ 35,6 bilhões para 50 milhões de brasileiros. Até a data do dia 30 de abril foram processados um total de 96,9 milhões de cadastros pela Dataprev.
Na coletiva virtual onde divulgou as “ações de enfrentamento à Covid-19”, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, declarou que a ação do governo Bolsonaro foi “célere”, “focada”.
Tão “célere” que após um mês do anúncio do auxílio emergencial milhões de brasileiros ainda estão enfrentando filas e mais filas para receber a ajuda. Ao contrário da celeridade na ajuda ao sistema financeiro, que recebeu uma injeção imediata de recursos da ordem de R$ 1,3 trilhão.
Celeridade reclamada também por pequenos e médios empresários que não conseguem ter acesso ao crédito para fazer frente à queda no faturamento e pagar seus funcionários.
Com a enrolação em liberar o recurso que deveria garantir que as famílias tivessem uma renda mínima durante a quarentena, necessária para salvar vidas segundo a orientação da Organização Mundial da Saúde, milhões de brasileiros são lançados às ruas exatamente no momento em que o Brasil atinge a maior taxa de contágio do mundo. E ainda não atingimos o pico da doença.
Da mesma forma, o atraso na ajuda a estados e municípios está levando ao colapso os hospitais públicos que estão no limite em número de leitos, UTIs e servidores, entre médicos, enfermeiros e auxiliares, que frente ao descaso também estão sendo atingidos pelo vírus.
Além da demora dos recursos chegarem na ponta, como alertam governadores, prefeitos e empresários, a nação enfrenta a campanha aberta e criminosa de Bolsonaro contra o isolamento social.
Em carta encaminhada ao ministro da Saúde, Nelson Teich, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, afirma: “As diretrizes estipuladas pela Organização Mundial da Saúde, que preconizam o isolamento dos casos e o distanciamento social, são as principais ações para conter o aumento do número de vítimas e não sobrecarregar o sistema de saúde. Portanto, é fundamental que a população se sinta amparada e possa ouvir uma voz uníssona que reforce essas diretrizes, assumindo uma conduta única, em consonância com o que os cientistas de todo mundo pregam. Ainda não atingimos o pico da epidemia e o número de vítimas fatais continua em ascensão vertiginosa. Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do MS se resumirão a informar o número de mortos“.
O documento foi subscrito por mais de 60 entidades científicas.