
O Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista, recebe no dia 24 de abril, às 19h, a exibição do documentário “Doutor Araguaia”, que retrata a trajetória do médico João Carlos Haas Sobrinho, conhecido como Doutor Juca.
Com distribuição gratuita de ingressos iniciando uma hora antes do início da sessão e entrada liberada com 40 minutos de antecedência, o evento promete reunir o público em torno de uma história marcada por coragem e compromisso com a justiça social. A sessão está sujeita à lotação da sala.
Realizado pela TG Economia Criativa, o filme é uma produção independente dirigida pelo documentarista Edson Cabral. O roteiro, argumento e pesquisas foram desenvolvidos em parceria com Sônia Haas, irmã do protagonista. “Fomos aos lugares onde ele morou, falamos com as pessoas que foram pacientes dele, tivemos muitos encontros interessantes que simbolizaram reencontrar o João Carlos”, conta Sônia.
A equipe percorreu sete estados brasileiros — São Paulo, Maranhão, Pará, Tocantins, Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal — para reconstruir a trajetória de João Carlos, personagem central da Guerrilha do Araguaia, cuja história ainda ecoa entre camponeses que com ele conviveram. Seu trabalho como médico nas regiões de Porto Franco (MA) e Xambioá (TO) o tornou figura reverenciada por comunidades carentes durante os anos de repressão.
O documentário traz à tona a formação jesuíta do jovem gaúcho de São Leopoldo/RS (1941), que enfrentou a prisão em 1964 por ser presidente do Centro Acadêmico Sarmento Leite da UFRGS. Mesmo diante da repressão, concluiu o curso de medicina e engajou-se com os ideais do PCdoB, atuando como médico entre 1967 e 1972, período em que salvou incontáveis vidas. Em setembro de 1972, foi assassinado pelo Exército. Até hoje, seus restos mortais não foram devolvidos à família.
“Eu enxergo essa minha busca pelo João Carlos, pela história dele e pelo resgate de sua dignidade, como uma missão. Então, lançar esse documentário é parte dessa missão, uma parte muito importante, simbólica, que vai registrar toda a caminhada dele”, conclui Sônia Haas.
Com 90 minutos de duração, a obra conta com aproximadamente 50 entrevistas, cinco músicas inéditas e depoimentos de ex-guerrilheiros, camponeses, amigos e estudiosos. Viabilizado pelo Edital 001/2023 da Lei Paulo Gustavo – Tocantins, o filme cumpre um papel essencial de memória e denúncia, propondo uma reflexão sobre os crimes da ditadura militar no Brasil.
Assista o trailer: