Fatos investigados — falsificação do cartão de vacinação — configuram crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), mais conhecido como “Dudu Bananinha”, apelido conferido pelo ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), manifestou-se em função do relatório da PF (Polícia Federal), que indiciou o ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL), por fraude no cartão de vacinação contra a covid-19.
Em entrevista ao podcast Diário Talks, o deputado federal destacou que o ex-chefe do Executivo não tinha motivo para fazer falsificação. Na opinião dele. A polícia vê o contrário.
“Pra que Bolsonaro falsificaria? Não tem por quê. Eu entrei em vários países sem vacina, porque uma das exceções era missão oficial. Se o presidente tem passaporte diplomático, está em missão oficial, isso é suficiente para entrar em todos os países do mundo sem vacina”, disse o filho “03”.
Consta também que houve fraude no cartão de vacinação da filha adolescente de Bolsonaro, Laura. Por essa razão, o ex-presidente também é indiciado ou acusado de corrupção de menores.
OFENSAS À PF
O parlamentar também ofendeu a PF. Ele indagou se a Polícia Federal “continuará sendo cachorrinho do Alexandre de Moraes”, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que retirou o sigilo da investigação da corporação. A declaração foi dada ao jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP).
Segundo Eduardo, o intuito do inquérito “não é justiça”, é “dar o troco”. “O objetivo é acabar com o movimento espontâneo que nasceu lá em 2013”, disse.
Jair Bolsonaro integra a lista de 17 pessoas que foram indiciadas, na segunda-feira (18), pela PF no inquérito que apura a falsificação de certificados de vacinas de covid-19.
Ao decidir pelo indiciamento, a PF acusou o ex-presidente pela suposta prática dos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos.
OPERAÇÃO VENIRE: ENTENDA
Deflagrada pela PF, em 3 de maio de 2023, a Operação Venire, que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, cumpriu na ocasião 16 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro.
A casa de Bolsonaro foi alvo de buscas, e o ex-presidente foi intimado a prestar depoimentos naquele dia, na sede da PF, em Brasília.
Entre os 6 detidos na manhã daquele dia estava o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
Por meio de nota, a corporação informou que também estava sendo feita análise do material apreendido durante as buscas e a realização de oitivas de pessoas que detenham informações sobre o caso.
“As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários”, destacou a PF.
EMISSÃO
“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa”, completou.
Ainda conforme a corporação, o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19”.
A operação, autorizada por Alexandre de Moraes, faz parte do inquérito das “milícias digitais”, em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal). Os fatos investigados configuram crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.