O deputado federal Bacelar (Pode-BA) afirmou que “é caso de internamento” Bolsonaro achar que a juventude não pode discutir política nas escolas e nas universidades federais e determinar cortes no orçamento delas por isso. O deputado disse que os cortes vão na “contramão de tudo o que é progressista”.
O ministro da Educação de Bolsonaro, Abraham Weintraub, confirmou, nesta terça-feira (30), cortes de 30% nas verbas da Universidade de Brasília (UnB) e das federais da Bahia (UFBA) e Fluminense (UFF), alegando que elas incentivam a “balbúrdia”.
“É uma loucura total. A UFBA está entre as 14 melhores do país e melhora a cada ano. É uma universidade que tem pesquisa, tem extensão, que produz. Não tem justificativa”, disse o deputado Bacelar, em entrevista ao HP.
“Ele [Weintraub] diz que essas universidades estão submetidas à ‘balbúrdia’, mas, na verdade, está punindo-as por participarem da política, e isso independe da vontade do reitor. Ele [Weintraub] faz isso porque não tem argumentos para questionar o desempenho delas, para mostrar que estão decaindo”.
“O Abraham Weintraub faz com que a gente sinta saudades do Ricardo Vélez”, disse o parlamentar. “O Ricardo era maluco, mas não alterava, o Abraham é maluco e altera. Parece mais perigoso”.
Na avaliação de Bacelar, Weintraub pode ter dado um tiro no próprio pé. “Eles colocaram uma dose muito forte, porque uma universidade pública junta os diversos partidos e os diversos setores da sociedade. Os filhos de um empresário também estudam na UFBA, por exemplo, e sabem da qualidade do ensino, os filhos dos senadores também fazem pesquisa na UFBA e sabem da excelência. Ela tem uma relação fortíssima com todos os setores da sociedade”.
Bacelar frisa que os valores repassados integralmente para as federais já são insuficientes para o seu custeio: “Universidade Federal já tem que atuar como pedinte de emenda parlamentar, pedindo de gabinete em gabinete. Porque, com o orçamento da União, não garantem nem as necessidades da Universidade”, assinalou.
Na sua avaliação, os cortes no orçamento destas universidades caminham ao lado dos cortes nos cursos de humanas, como sociologia e filosofia, que, como anunciou Bolsonaro, terão seus investimentos diminuídos. Significam, juntos, “amordaçar as universidades” e impor “uma censura ditatorial”.
“Em um primeiro momento, achamos tão esdrúxula a proposta de acabar com os cursos de filosofia e sociologia que não soubemos muito bem como reagir. E agora ele nos aparece com uma notícia pior, foi difícil de acreditar. São universidades que merecem ter suas verbas aumentadas, até porque passam já por uma situação difícil”, comentou.
Como adiantou Bacelar, os cortes na UFBA desagradaram a todos.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) classificou a medida como “criminosa” e afirmou que ela tem claro caráter ideológico, que é incompatível com a administração pública.
O deputado federal Cacá Leão (PP-BA) disse que “isso é inadmissível, não vamos permitir jamais que isso aconteça com a Universidade Federal da Bahia” e que entrará com um requerimento na Câmara, solicitando que o ministro Abraham Weintraub seja convocado à Casa para prestar esclarecimentos.
PEDRO BIANCO
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