
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou um documento condenando a nova atrocidade israelense contra os palestinos e rechaçando a fala do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de que Israel vai “tomar o controle” da Faixa de Gaza.
A nota do Itamaraty aponta ainda que o uso da fome como método contra os palestinos “constitui crime de guerra”.
“O governo brasileiro condena, nos mais fortes termos, o lançamento de nova ofensiva israelense na Faixa de Gaza, com intensificação dos bombardeios aéreos e expansão das operações terrestres, que provocaram, nos últimos dias, a morte de mais de 300 palestinos, incluindo mulheres e crianças, e forçaram o deslocamento de mais de 60 mil pessoas”, diz a nota divulgada pelo Itamaraty.
Israel intensificou os ataques contra a Faixa de Gaza com o objetivo de “tomar o controle” deste território, segundo anunciou o autocrata país, Benjamin Netanyahu. Somente na quinta-feira (15), mais de 100 palestinos morreram nos bombardeios israelenses.
Em relação à fala de Netanyahu, “o Brasil recorda que qualquer pretensão de exercer autoridade permanente em território ocupado é incompatível com as normas de direito internacional”.
“Submetida há mais de dois meses a bloqueio completo, a Faixa enfrenta, ademais, risco iminente de fome generalizada. O Brasil expressa grave preocupação com a anunciada intenção israelense de permitir ingresso mínimo de alimentos e remédios em Gaza, recordando que o uso da fome como método constitui crime de guerra”, continuou.
Israel está controlando as fronteiras da Faixa de Gaza e tem impedido a entrada de ajuda humanitária. Depois de quase três meses de bloqueio, Israel permitiu, na terça-feira (20), que a ONU entrasse com cerca de 100 caminhões de mantimentos.
“O Brasil conclama o governo de Israel a permitir acesso imediato e desimpedido de ajuda humanitária ao território, em consonância com suas obrigações de Direito Internacional Humanitário, assim como reitera apelo em favor da cessação permanente das hostilidades, retirada completa das forças israelenses de Gaza e da libertação dos reféns remanescentes”, assinala o documento.
O governo brasileiro afirmou que “a única solução legítima e duradoura para o conflito reside na implementação definitiva da solução de dois Estados”.
O Brasil vai chefiar um grupo de trabalho da Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados especificamente para tratar do reconhecimento, pela ONU, da Palestina como membro pleno.
O reconhecimento do Estado da Palestina é parte fundamental da Solução de Dois Estados, que busca a coexistência pacífica entre Palestina e Israel.
RESGATE
O Itamaraty informou, na terça-feira (20), que três brasileiros e nove parentes foram retirados da Faixa de Gaza por conta dos novos ataques de Israel contra a população no local. Dos 12, seis são menores de idade.
Eles saíram da Faixa de Gaza passando pelo Egito e vão embarcar, nesta quarta-feira (21), em um voo para São Paulo, com escala no Catar. Os brasileiros e seus familiares deverão chegar ao Brasil na quinta (22).
De acordo com o governo federal, “1.572 pessoas que se localizaram em Israel, na Cisjordânia ou em Gaza e que manifestaram intenção de partir foram retiradas da região”. Destes, 127 brasileiros e seus familiares diretos foram retirados de Gaza.
Leia a nota na íntegra:
Nova ofensiva israelense no Estado da Palestina
O governo brasileiro condena, nos mais fortes termos, o lançamento de nova ofensiva israelense na Faixa de Gaza, com intensificação dos bombardeios aéreos e expansão das operações terrestres, que provocaram, nos últimos dias, a morte de mais de 300 palestinos, incluindo mulheres e crianças, e forçaram deslocamento de mais de 60 mil pessoas.
Ao deplorar a declaração do Primeiro-Ministro de Israel de que o país “assumirá o controle” de toda a Faixa de Gaza, o Brasil recorda que qualquer pretensão de exercer autoridade permanente em território ocupado é incompatível com as normas de direito internacional. O Brasil reafirma, ainda, que a única solução legítima e duradoura para o conflito reside na implementação definitiva da solução de dois Estados.
Submetida há mais de dois meses a bloqueio completo, a Faixa enfrenta, ademais, risco iminente de fome generalizada. O Brasil expressa grave preocupação com a anunciada intenção israelense de permitir ingresso mínimo de alimentos e remédios em Gaza, recordando que o uso da fome como método constitui crime de guerra.
O Brasil conclama o governo de Israel a permitir acesso imediato e desimpedido de ajuda humanitária ao território, em consonância com suas obrigações de Direito Internacional Humanitário, assim como reitera apelo em favor da cessação permanente das hostilidades, retirada completa das forças israelenses de Gaza e da libertação dos reféns remanescentes.