Marcelo Santa Cruz, irmão de Fernando Santa Cruz, assassinado pela ditadura, afirmou, na terça-feira (30), em entrevista coletiva no auditório do Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), em Recife, que “é de uma indignidade a toda prova”, o que Bolsonaro disse sobre Fernando, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
“Fernando era um jovem de 26 anos quando foi preso. Fernando tinha uma militância política, era da Ação Popular, mas tinha vida legal, não era clandestino”, afirmou Marcelo.
“A versão oficial que a gente tem é a que foi levantada pela comissão da verdade com documentos oficiais da Aeronáutica. Fernando estava sendo monitorado inclusive com quem ele tinha relação em Recife”, destacou.
“Eu e outros companheiros militamos com Fernando. Fernando foi militante na resistência à Ditadura Militar. Foi torturado, morto, resistiu e não entregou seus companheiros de luta. É um herói do povo brasileiro. Esta declaração estapafúrdia do capitão Bolsonaro é absurda. É dizer algo mentiroso sobre um militante que continua na memória de todos nós”, disse o vice-prefeito de Recife, Luciano Siqueira (PCdoB).
“Vamos interpelar o presidente da república no STF. Queremos reabrir o caso Fernando, é preciso que a OEA retome o caso Fernando e faça justiça”, disse o Coordenador da Cátedra Dom Helder Camara, Manoel Moraes. “Na época, o Brasil tinha membros do estado na OEA que sabotavam. Acreditamos que com esses fatos novos e com a narrativa do presidente da república ele ataca as famílias. Constranger a família, é constranger o Estado de Direito”, completou.
Até o final da tarde da quarta-feira (31), a ação contra Bolsonaro seria impetrada no STF pelo advogado César Brito, representando Felipe Santa Cruz, presidente da OAB. Depois de impetrada a ação, o STF deverá distribuí-la para um relator, para serem feitas as providências regimentais e tomar em juízo o depoimento de Bolsonaro.
Estavam presentes na coletiva o deputado estadual e ex-prefeito recifense João Paulo (PcdoB), o secretário de Desenvolvimento do governo de Pernambuco, Sileno Guedes, familiares e militantes de movimentos sociais.
Ao questionar a atuação da OAB na investigação do caso de Adélio Bispo, autor do atentado à faca do qual foi alvo, Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que poderia explicar ao presidente do órgão, Felipe Santa Cruz, como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar.
“Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”, disse Jair Bolsonaro.
Com informações da Folha de Pernambuco