O vice-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PCdoB-PE), reagiu com indignação à possível indicação do deputado federal Ricardo Salles (PL) para a presidência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Em sua conta no Twitter, o parlamentar afirmou que colocar o ex-ministro de Jair Bolsonaro no comando da comissão “é o mesmo que amarrar cachorro com linguiça”.
“Imagina só. Ricardo Salles quer ser presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. É o mesmo que amarrar cachorro com linguiça”, escreveu.
Ex-ministro do Meio Ambiente e um dos integrantes da ala extremista do bolsonarismo, Salles ficou famoso por defender que o governo Bolsonaro deveria aproveitar a pandemia de Covid-19 e “passar a boiada”, liberando o caminho para o desmonte da legislação de proteção ambiental.
A declaração ocorreu durante uma reunião ministerial que se tornou pública. Além disso, ele é suspeito de ter facilitado as atividades de extração de madeira e os garimpos ilegais na região amazônica.
Salles deixou o governo em julho de 2021 em meio a uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de atuação ilegal em favor de madeireiros clandestinos. Outro inquérito apurava se Salles havia obstruído as investigações de um esquema de desmatamento ilegal.
A bancada do PL marcou para a próxima quarta-feira, às 15 horas, uma reunião em que vai discutir o nome do bolsonarista para presidir a Comissão de Meio Ambiente.
Caso Salles seja confirmado, o líder da legenda na Casa, Altineu Cortes, vai repassar o nome a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, para formalizar a indicação. Esse é o rito normal.
A eventual indicação do ex-ministro provocou revolta de parlamentares e especialistas que utilizaram as redes sociais para dizer que a indicação seria “desastrosa” e uma “afronta” à sociedade brasileira.
Ricardo Galvão, ex-diretor do INPE, membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, afirmou que a indicação seria “desastrosa” para a implantação da nova política ambiental do governo Luiz Inácio Lula da Silva, além de ser “uma afronta à sociedade brasileira”.
O presidente da Rede em São Paulo, Giovanni Mockus, aliado da Ministra Marina Silva, escreveu no Twitter que colocar Ricardo Salles na presidência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável é como “colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”.
“Ele é responsável pelo desmonte dos órgãos ambientais e pelo crescimento do desmatamento”, disse Mockus.