O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que as declarações de Bolsonaro “apontam na direção de um governo autoritário” e caberá à oposição “lutar pelo respeito à constituição e pela garantia da democracia”. “Esperamos que não se confirme, mas se confirmar, precisamos estar preparados para qualquer aventura autoritária”, disse.
Siqueira explicou como será a atuação do partido que preside no próximo período. “Procuramos outros partidos de esquerda pra formar um bloco parlamentar. Inicialmente está mais seguro PSB, PDT e PCdoB, mas também pode agregar o PPS e o PV”, afirmou em entrevista para o portal Poder360.
O candidato derrotado à presidência pelo PT, Fernando Haddad, ironizou esta tentativa de fazer um bloco sem o PT, falando que “ou é miopia ou não é tão esquerda assim”. Para o presidente do PSB, trata-se da expressão de uma “visão exclusivista” e “autoritária” do PT. “O PT não tem o monopólio da esquerda. Isso revela a visão exclusivista do PT, que acha que onde eles não estiverem, não é esquerda. Isso é uma visão autoritária e inaceitável”.
O presidente do PSB admitiu que houve conversas com o PT. Nelas, apesar do PT ter dito que não desejava “liderar a frente parlamentar”, Carlos Siqueira expressou, “com toda sinceridade, que há setores do partido que não querem que esse bloco inclua o PT”.
O bloco de oposição que está se conformando, explica Carlos Siqueira, “não visa o isolamento do PT”, mas uma “diferenciação que se deseja fazer de um tipo de oposição que não é igual a do PT”. “Nós [PSB] do outro lado, com o PCdoB e PDT, faremos outro bloco para ocupar espaços estratégicos, como presidência de comissões e relatoria de projetos”.
Siqueira, quando questionado, não fechou os votos do partido em nenhum candidato à presidência da Câmara ou ao Senado. “O partido tem que fazer a avaliação para ter à frente da Câmara alguém que possa ter boa convivência com as mais diferentes forças políticas. O Rodrigo Maia tem essa capacidade, mas há conversas com outras forças e acho que ainda é cedo para adotarmos uma posição definitiva”, disse.
Sobre Tereza Cristina, futura ministra da Agricultura de Bolsonaro, e outros deputados que saíram do PSB no último período, disse: “Ela não saiu, foi saída, assim como os outros, nós íamos expulsar. Depois eles nos procuraram, fizemos um acordo e assinei a ficha de desfiliação com o maior prazer. Tenho o maior respeito, mas eles estavam como intrusos em um partido com uma história longa de centro-esquerda. Eles, como a Tereza Cristina, são conservadores. Ficamos muito felizes com a saída deles”.