Afirmação do ministro Chefe da Casa Civil de Lula foi feita em entrevista à CNN antes da primeira reunião ministerial desta sexta-feira (6)
O ministro Chefe da Casa Civil do governo Lula, o ex-governador Rui Costa, afirmou nesta sexta-feira, em entrevista à CNN, que juros altos não faz bem para nenhuma economia. Ele disse que isto não é nenhuma crítica ao Banco Central, apenas uma defesa da queda dos juros.
“Não se trata de questionar o Banco Central independente, não se trata de crítica. Acho que é unanimidade que juro alto não faz bem para nenhuma economia do mundo”, destacou. Ele explicou que a primeira reunião ministerial será para orientações gerais sobre o funcionamento do governo.
Segundo Costa, em entrevista à CNN Brasil, a afirmação era uma “constatação” para que se possa construir um caminho para que haja uma queda significativa dos juros.
A política de juros se justifica com uma medida provisória, de contenção de elevação da inflação, mas é evidente o que garante mais investimento, mais atividade econômica e o menor custo para o cidadão que está em casa nos assistindo… são os juros mais parecidos com a maioria dos países desenvolvidos, juros mais baixos”, acrescentou.
“Evidente que há uma má vontade de alguns setores ou uma precipitação. Nessa madrugada nós completamos 72 horas do governo, então não tem motivos para sobressaltos”, afirmou.
“O presidente Lula fez a sua campanha reafirmando –e eu quero reafirmar em nome do presidente– que nós vamos governar com serenidade, buscando todos os setores produtivos com diálogo e entendimento para pactuar medidas que estimule o crescimento, que gere emprego e renda. Presidente reafirmou em vários momentos o valor da democracia e o valor da previsibilidade, da segurança jurídica dos contratos e é isso que nós estamos reafirmando”, assegurou.
Sobre o teto de gastos, ministro da Casa Civil de Lula defendeu atenção do governo para o “total das despesas” e para a “qualidade desse gasto”. Ele também observou que “mesmo com a aprovação da PEC [do Estouro], temos um orçamento que foi subestimado, ou seja, há um déficit orçamentário grande”.
“Vamos azeitar tudo para pisar no acelerador na segunda-feira”, afirmou Rui Costa. O ministro também informou que o governo pretende fazer um “debate grande” sobre reforma tributária e um novo patamar fiscal, com o objetivo de “fazer mais justiça fiscal e tributária”.
“Mas nós vamos cuidar para a qualidade do gasto. Isso tenho insistido, para que, não só, a gente fique atento para o total das despesas, o chamado Teto de Gastos, mas tão importante tanto quanto o total da despesa, é a qualidade deste gato”, adicionou, pontuando que nenhuma medida será “feita de sobressalto”.
Durante a entrevista, ele também avaliou que não há motivos para “maior preocupação” em relação à ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil). Fotos de Carneiro ao lado de Juracy Alves Prudêncio nas eleições de 2018 circularam nos últimos dias nas redes sociais. Ele foi denunciado pelo relatório final da CPI das Milícias, em 2008, por comandar uma milícia na Baixada Fluminense.
“As fotos por si só não constituem nenhum ato que caracterize má conduta da ministra. Numa campanha eleitoral, muitas vezes você tira foto com muitas pessoas, muitas delas você nem conhece. Neste momento, não há nada relevante que justifique maiores preocupações em relação à ministra”, disse Rui Costa.
Ele explicou que no encontro serão apresentadas estratégias e roteiros de trabalho de Lula. “Vai apresentar qual a expectativa dele, como ele quer que funcione, os fluxos, as prioridades, reforçar o entendimento do trabalho em equipe, coletivo”, pontuou.
Sobre o trabalho conjunto, o ministro observou que “não adianta ter muitos craques se cada um quer aparecer individualmente e não quer jogar para a equipe”.
Ainda de acordo com o petista, na próxima semana, a Casa Civil deve começar a visitar outros ministérios para definir prioridades, como o Minha Casa Minha Vida, investimentos em saúde pública e em educação – com destaque para escolas em tempo integral.
Ele também revelou que estão trabalhando em duas viagens do presidente Lula para estados brasileiros no mês de janeiro, “para efetivamente fazer entregas e anúncios”.
Nesta quinta-feira (5), o Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que o governo atual assume o Brasil com 8,6 mil obras paradas. Quando Jair Bolsonaro (PL) se tornou presidente, eram 14 mil.
Sobre isso, Rui Costa disse que a administração federal não sabe, exatamente, o número de obras paralisadas. Assim, anunciou que será feito um cadastramento para os municípios brasileiros informarem quantas obras paralisadas possuem, fornecendo também estimativa de conclusão e outros detalhes