
“Se antes o problema era o ‘dragão da inflação’, hoje o que trava o país é o ‘dragão dos juros’. Resolver isso trará um mercado imobiliário ainda mais saudável”, afirma Renato Correia
Em um cenário de juros elevados que penalizam o mercado imobiliário e a indústria da construção, os lançamentos do programa Minha Casa, Minha Vida estão segurando o bom desempenho do setor. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) apresentou na última segunda-feira (19) os dados do 1º trimestre do ano, mostrando crescimento superior a 15% nas vendas e lançamentos.
Para o presidente da CBIC, Renato Correia, é preciso “enfrentar a questão dos juros com seriedade e urgência. Se antes o problema era o ‘dragão da inflação’, hoje o que trava o país é o ‘dragão dos juros’. Resolver isso trará um mercado imobiliário ainda mais saudável”.
MINHA CASA, MINHA VIDA
“O setor segue resiliente, com resultados alavancados pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), apesar do cenário de juros elevados”, apontou a entidade.
Entre janeiro e março deste ano, 102.485 unidades residenciais foram vendidas – o que representa um crescimento de 15,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os lançamentos somaram 84.924 unidades, com alta de 15,1% na mesma comparação.
O Minha Casa, Minha Vida respondeu por 53% dos lançamentos e 47% das vendas no período, apurou a entidade. As vendas de imóveis subsidiados pelo programa tiveram crescimento de 40,9% no trimestre, enquanto os lançamentos subiram 31,7%.
A maior presença do programa é explicada pelas condições de crédito, com juros reais a partir de 4%, e pelo aumento da participação de estados e municípios com subsídios adicionais, explicou a CBIC em nota.
“Estamos atravessando um momento de turbulência na economia em relação à taxa de juros. Mesmo diante desse cenário, as 221 cidades pesquisadas mostram um mercado bastante aderente, principalmente ao programa Minha Casa, Minha Vida”, avaliou o economista Celso Petrucci, conselheiro da CBIC, na coletiva de imprensa para apresentação dos resultados.
Já os preços médios dos imóveis tiveram alta de 1,9% no trimestre, acompanhando a variação do INCC no período. A entidade avalia a alta de preços como uma indicação de estabilidade, já que há importante pressão inflacionária sobre os materiais da construção.
“Temos capacidade produtiva. O que está faltando é dinheiro para a produção. O ideal seria ter financiamento suficiente para produzir o que a demanda exige”, observou Ely Wertheim, vice-presidente da Indústria Imobiliária da CBIC.
A CBIC projeta que o mercado imobiliário se manterá em patamar elevado ao longo de 2025, especialmente com a consolidação da Faixa 4 do MCMV (destinada às famílias de com renda mensal de até R$ 12 mil). No entanto, pondera que o mercado precisa de taxas de juros mais baixas.