Economia alemã desacelera e ruma à recessão, informa Instituto de Munique

Alemães recebem doações alimentares em Berlim (REUTERS/Hannibal Hanschke)

A Alemanha está um passo da recessão neste inverno do hemisfério norte, segundo projeções publicadas na terça-feira (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica (Ifo) de Munique.  A maior economia da Europa encolherá 0,5% no quarto trimestre deste ano, em comparação com o terceiro, e estagnará nos primeiros três meses de 2022 à medida que obstruções no fornecimento de produtos e uma onda de novos casos de coronavírus prejudicam a economia do país, avalia a instituição.  

 “As paralisações no fornecimento e a quarta onda do coronavírus estão desacelerando visivelmente a economia alemã”, disse em comunicado Timo Wollmershäuser, chefe de previsões do Ifo.

 “A forte recuperação pós-pandemia que era originalmente esperada para 2022 ainda não se materializou”, assinalou.

Carsten Brzeski, economista do banco ING, declarou à AFP que “a economia alemã está mais conectada à economia internacional e mais dependente do que muitos outros países da União Europeia (UE).  Portanto, ela retornará ao seu nível pré-crise mais tarde do que a maioria dos outros países”.

A pandemia desestabilizou as cadeias de abastecimento globais e causou gargalos nos mercados de componentes eletrônicos, madeira, plásticos e aço e as consequências foram sentidas especialmente na Alemanha, cuja indústria exportadora é chave em sua economia.

De acordo com um estudo do banco público KFW, quase metade das empresas alemãs (48%) enfrentam problemas com as entregas de exportações.

A produção industrial caiu 4% desde agosto, enquanto os pedidos caíram 7,7%. As exportações, que não paravam de subir desde abril de 2020, caíram 1,2%.

O setor automotivo, com participação central na economia alemã, também enfrenta grandes dificuldades devido à escassez de semicondutores.

O Instituto Ifo  avalia que a inflação deve aumentar 3,1% neste ano e 3,3% em 2022, taxas que excedem a meta do Banco Central Europeu (BCE) de 2%. Os preços ao consumidor não devem voltar ao normal até 2023, consideram.

A perspectiva negativa surge enquanto os países ao redor do mundo prevêem uma possível onda de casos de coronavírus causados ​​pela variante ômicron, que poderia adicionar pressão às cadeias de abastecimento globais.

A Alemanha registrou, na semana passada, o maior número de mortes diárias causadas pela Covid-19 desde fevereiro. No início deste mês, o país aprofunda a luta contra o negacionismo e proibiu que pessoas não vacinadas freqüentassem todos os estabelecimentos, exceto os mais essenciais, como supermercados e farmácias, como parte de novas restrições,  relata Charles Riley, repórter da agência CNN. Na terça-feira (14) 69, 6% da população estava totalmente vacinada, número inferior a outros países da Europa como Portugal, Espanha, França e Suécia, entre outros.

A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou na terça-feira (14) que um aumento no número de casos  de Covid-19 desaceleraria inclusive a recuperação da demanda global por petróleo.    A sua previsão de demanda do óleo é de uma diminuição em cerca de 100.000 barris por dia para 2022, considerando que as viagens aéreas e o combustível de aviação seriam os mais afetados.

O preço do petróleo Brent (negociado na Bolsa de Londres e usado como referência) saiu de US$ 85 para US$ 74 no dia 6 deste mês, ou seja, caiu 11 dólares.

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