
O PIB do Japão contraiu 0,7% anualizado no primeiro trimestre de 2025 e, em relação ao trimestre anterior, caiu 0,2% sob consumo estagnado e uma queda de 6% nas exportações, o que se deu antes do anúncio de Trump, em 2 de abril, de tarifas “recíprocas” abrangentes.
O que torna ainda mais factível o risco de recessão no próximo trimestre, abril-junho, no país integrante do G7.
O consumo privado, que responde por mais da metade da produção econômica do Japão, ficou estável no primeiro trimestre de 2025, em comparação com a previsão de um ganho de 0,1%.
A demanda externa reduziu 0,8 ponto do PIB, já que as exportações caíram 0,6% e as importações aumentaram 2,9%, mesmo antes de o impacto das tarifas de Trump começar a se materializar com força total.
As despesas de capital aumentaram 1,4%, mais do que o esperado, ajudando a demanda interna a acrescentar 0,7 ponto percentual ao crescimento do PIB. Outro dado positivo é que o crescimento do último trimestre do ano passado foi ligeiramente revisado para cima, de 2,2% para 2,4%.
O juro básico é de 0,5%.
“A economia do Japão carece de um motor de crescimento devido à fraqueza nas exportações e no consumo. É muito vulnerável a choques como o das tarifas de Trump”, disse Yoshiki Shinke, economista executivo sênior do Dai-ichi Life Research Institute.
“Os dados podem levar a pedidos crescentes por maiores gastos fiscais”, disse ele, acrescentando que a economia pode se contrair novamente no segundo trimestre, dependendo de quando o impacto das tarifas se intensificar.
“Devemos estar atentos aos riscos de queda para a economia decorrentes da política tarifária dos EUA. O impacto no consumo e na confiança das famílias devido aos contínuos aumentos de preços também é um risco para o crescimento”, disse o ministro da Revitalização Econômica do Japão, Ryosei Akazawa Akazawa, para quem é preciso assegurar aumentos salariais para preservar a perspectiva de um crescimento moderado.
Preocupação também apontada pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Japão, Ken Kobayashi. “Estou profundamente preocupado que a ansiedade sobre o impacto das tarifas possa prejudicar os aumentos salariais”, disse ele, instando as grandes corporações a não frearem o atual ritmo de aumentos salariais.
Para Takahide Kiuchi, economista executivo do Nomura Research Institute, os números atuais indicam que o tarifaço de Trump pode empurrar ainda mais a economia japonesa para a recessão.
As principais montadoras japonesas estão se preparando para quedas projetadas nos lucros no ano fiscal que se encerra em março de 2026, citando como causas as tarifas norte-americanas, a valorização do iene e a crescente concorrência das montadoras chinesas.
A Toyota Motor espera que seu lucro líquido caia 34,9% na comparação anual, para 3,1 trilhões de ienes (US$ 21,33 bilhões). Somente de abril a maio, o tarifaço irá reduzir o lucro operacional em 180 bilhões de ienes. A Honda projeta uma queda de 70,1% no lucro líquido, para 250 bilhões de ienes.
A Nissan, em crise, revelou planos abrangentes de reestruturação, incluindo o fechamento de sete de suas 17 fábricas e o corte de 20.000 empregos em todo o mundo. Nissan, Mazda e Subaru declinaram de apresentar previsões de lucros.
Uma tarifa norte-americana de 25% sobre veículos importados representaria “um duro golpe para a economia japonesa”, alertou Kiuchi. Provavelmente levando à redução da produção doméstica e à perda de empregos.
A indústria automobilística japonesa e as indústrias relacionadas empregam 5,58 milhões de pessoas, 8,3% da força de trabalho total do país, de acordo com um relatório da Associação Japonesa de Fabricantes de Automóveis em 2024.
Kiuchi estimou que a “tarifa recíproca” de 24% dos EUA reduziria o PIB nominal e real do Japão em 0,59%. Quando combinado com a tarifa de 25% sobre automóveis, o impacto total pode atingir entre 0,71 e 0,76%.