Economia “espetacular” de Guedes entra em recessão: após queda de 0,4% no segundo trimestre, a economia recuou mais 0,1%, aponta IBGE
Com uma inflação descontrolada, inflada pelos preços dolarizados com aval do governo Bolsonaro, o desemprego e subemprego em níveis recordes e a renda desabando, a atividade econômica segue em declínio apimentada pelo juros altos do Banco Central, em mais um voo de galinha anunciado pelo ministro de Bolsonaro, Paulo Guedes, que diz que a economia está um “espetáculo” crescendo em “V”.
O Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todas as riquezas produzidas no país – caiu 0,1% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Foi o segundo trimestre seguido de queda, apontando a entrada do país em recessão, segundo divulgou nesta quinta-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre anterior, o PIB recuou 0,4%, conforme número revisado pelo Instituto.
De acordo com o IBGE, o PIB está no patamar do fim de 2019 e início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,4% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.
SERVIÇO VARIA 1,1% E AGROPECUÁRIA DESABA 8,0%
Pela ótica da oferta, a alta de 1,1% nos serviços foi impulsionada pelo avanço da vacinação e a retomada das atividades presenciais.
No setor que responde por mais de 70% do PIB nacional, registraram alta: Outras atividades de serviços (4,4%), Informação e comunicação (2,4%), Transporte, armazenagem e correio (1,2%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%). As Atividades imobiliárias (0,0%) ficaram estáveis, ao passo que houve variações negativas em Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,5%) e Comércio (-0,4%).
A influência negativa veio da agropecuária que desabou 8,0% e também pelo recuo de 9,8% nas exportações de bens e serviços.
INDÚSTRIA PARADA
Com o mercado interno assolado pelo desemprego, queda nos salários e nos investimentos públicos, a indústria, que responde por cerca de 20% do PIB nacional, foi afetada também pelos custos dos insumos e da energia elétrica e ficou parada (0,0%).
Entre as atividades industriais, houve quedas de 1,1% em Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, de 1,0% nas Indústrias de transformação e de 0,4% nas Indústrias extrativas. Apenas a Construção (3,9%) apresentou crescimento.
INVESTIMENTOS EM QUEDA
Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo, investimentos em máquinas, equipamentos e material de construção, teve variação negativa de 0,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
A taxa de investimento (relação entre FBCF e o PIB) no terceiro trimestre foi de 19,4% do PIB contra 16,4% no mesmo período do ano anterior. Já a taxa de poupança foi de 18,6%, maior que os 16,2% obtidos no mesmo período de 2020.
A Despesa de Consumo das Famílias teve expansão de 0,9% e a Despesa de Consumo do Governo cresceu 0,8%.
No setor externo, tanto as Exportações de Bens e Serviços (-9,8%) quanto as Importações de Bens e Serviços (-8,3%) tiveram quedas em relação ao segundo trimestre de 2021.
No acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve alta de 3,9% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. No acumulado do ano até setembro, o PIB avançou 5,7% contra igual período do ano passado.
Segundo os dados revisado, a economia registrou um tombo de 3,9% em 2020.
Em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre de 2021 totalizou R$ 2,2 trilhões, sendo R$ 1,9 trilhão em Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 334,3 bilhões em Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.