“Isso é quase o dobro do país que mais cobra juros depois do Brasil”, acrescentou o ministro da Fazenda
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta sexta-feira (28) em entrevista coletiva, que “não devemos nos iludir” com a queda para 8% na taxa de desemprego, conforme divulgou nesta sexta-feira (28) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“Nós não devemos nos iludir com isso. Apesar do índice do desemprego estar abaixo da média dos últimos anos para o mês, já dessazonalizado, a economia está sofrendo um processo de desaceleração por conta do juro real na casa dos 10%, o que é quase o dobro do país que mais cobra juros depois do Brasil.”, declarou o ministro a jornalistas.
“Desde o começo do ano eu considero que o crescimento acima de 2% está contratado. O ponto é que, na margem, estamos observando desaceleração. Como nós estamos com 10% de taxa de juro real e uma inflação na meta, praticamente, nós temos espaço para fazer a diferença na política monetária”, disse Haddad. “Há espaço para Copom cortar 0,5 ponto percentual de juros”, afirmou o ministro ao jornal O Globo.
Nos próximos dias 1 e 2 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realiza mais uma reunião para definir a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.
Durante essa semana, indicadores oficiais apontaram para uma desaceleração da economia no segundo trimestre, com destaque para o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) que registrou queda de 2% em relação ao mês anterior e o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas, com queda de 3% no mesmo período.
Já a inflação, que também vem desacelerando, registrando deflação de 0,08% em junho. De acordo com o IBGE, a prévia do mês de julho (IPCA-15) foi de -0,07%, apontando para o segundo mês seguido de deflação, jogando por terra qualquer tentativa que possa justificar as escandalosas taxas de juros pelo presidente do BC, Campos Neto.