“Em consequência dos patamares elevados de juros e de endividamento das famílias o quarto trimestre de 2022 encerrou com queda”, aponta o Monitor do PIB/FGV
A atividade econômica recuou 0,2% no quarto trimestre de 2022, em comparação ao terceiro trimestre, segundo o Monitor do PIB-FGV, sob os efeitos dos juros altos e do endividamento das famílias.
O Monitor do PIB aponta que o resultado do ano passado foi de 2,9% impulsionado pelo setor de serviços, que respondeu por 80% do desempenho da economia.
Ao contrário da indústria e do comércio, que ficaram estagnados em 2022. Segundo dados do IBGE, a produção industrial encerrou o ano com queda de 0,7% e as vendas do comércio varejista, depois de cair 2,6% em dezembro, fechou o ano em 1,0%.
“O crescimento de 2,9% da economia em 2022 foi influenciado principalmente pelo setor de serviços, que contribuiu com mais de 80% para o bom desempenho da economia. O destaque foi a atividade de outros serviços, que engloba as atividades de alojamento, alimentação, saúde privada, educação privada, serviços prestados às famílias e às empresas. Esta atividade, que foi uma das que haviam apresentado as maiores perdas devido à necessidade de distanciamento social no período da pandemia, impulsionou o PIB de 2022 graças a normalização das atividades sociais e aos estímulos fiscais dados a economia. Apesar deste desempenho positivo, outra característica marcante de 2022 foi a desaceleração do crescimento ao longo do ano. Em consequência dos patamares elevados de juros e de endividamento das famílias o quarto trimestre do ano encerrou com queda”, pontuou Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.
Segundo o Monitor do PIB-FGV, o consumo das famílias variou 4,0% em 2022, sendo o consumo de serviços o principal responsável por esse resultado. Por outro lado, o consumo de duráveis caiu ao longo do ano. “Por serem compostos por bens de maior valor agregado (automóveis, eletrônicos, entre outros), os altos níveis dos juros, de certa forma inibem o consumo desses tipos de bens”, diz a pesquisa.
A Formação bruta de capital fixo (FBCF) variou apenas 1,1% em 2022, com a retração do segmento de máquinas e equipamentos. O desempenho positivo foi devido ao setor da construção e ao segmento de outros da FBCF que contribuíram positivamente ao longo de todo o ano.
A exportação de bens e serviços cresceu 6,0% em 2022 e praticamente todos os segmentos contribuíram positivamente para este desempenho, à exceção da extrativa mineral. Cabe destacar a contribuição da exportação de serviços e bens intermediários, assinala o Monitor.
A importação de bens e serviços cresceu 0,9% em 2022. “O desempenho positivo dessa atividade é resultado do crescimento da importação de serviços que contribuiu fortemente durante todo o ano. Por outro lado, foram as quedas crescentes da importação de produtos da extrativa mineral que tornaram baixo o crescimento dessa atividade”.
Em termos monetários, estima-se que o PIB de 2022, em valores correntes, alcançou a cifra de 9 trilhões 818 bilhões e 999 milhões de reais.
A taxa de investimento da economia foi de 19,9% em 2022; menor que a de 2021 (20,2%).