A economia brasileira encolheu -0,99% no segundo trimestre, na comparação com os três primeiros meses do ano, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta quarta-feira (15).
Os índices vêm declinando desde o final do ano passado quando, nos últimos três meses de 2017, a economia já patinava, com crescimentos próximos de 0%. Em dezembro o aumento chegou a +1,1%, no entanto, voltou a cair ficando negativo em -0,56% no mês seguinte.
Com isso, o aumento trimestral caiu de +0,7% no último trimestre de 2017 para +0,2% no primeiro trimestre desse ano, chegando ao índice negativo de quase -1% no segundo trimestre. Ou seja, o IBC-Br, que é considerado uma “prévia” do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), tem registrado declínio.
As seguidas quedas desde o final do ano anterior desmontam a tese governista e de certos analistas de mídia de que a economia estava em recuperação e que a derrocada da economia é resultado da greve de 11 dias dos caminhoneiros, em maio. Registrando que o segundo trimestre inclui abril, mês no qual não houve paralisação.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Há pelo menos quatros anos está no fundo do poço com a implantação no governo Dilma/Temer de políticas que privilegiam a casta financeira, em detrimento da produção. Em 2014, o PIB teve ligeira alta de 0,5%, despencando -3,5% em 2015 e -3,6 no ano seguinte. No ano passado, o PIB teve um crescimento de 1,0%, mas com a indústria e serviços ficando em zero por cento.
O cálculo do IBC-Br é um pouco diferente do usado no PIB, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas incorpora também estimativas sobre a indústria, comércio e agropecuária. Os números oficiais do PIB do segundo trimestre serão divulgados no próximo dia 31.
No entanto, os números da produção industrial pesquisados pelo IBGE, por exemplo, têm confirmado o declínio apontado pelo IBC-Br. O IBGE aponta que, frente ao período anterior, com ajuste sazonal, no 4º trimestre/17 a produção industrial cresceu +1,6%; no 1º trimestre/18 o crescimento foi menor, +0,3% e no 2º trimestre/18 recuou -2,5%.
“Os eventos excepcionais dos últimos meses não alteraram em nada o movimento de redução do dinamismo industrial que vem marcando 2018. Seja na comparação interanual, seja na comparação com ajuste sazonal, trimestre após trimestre a recuperação do setor perdeu força após a passagem de ano”, analisou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). Ainda segundo o IEDI, no setor de serviços “o semestre foi quase perdido”.
De acordo com o governo – Relatório de Inflação, de março de 2010 -, o IBC-Br foi criado para refletir “a evolução contemporânea da atividade econômica do país e contribuísse para a elaboração da estratégia de política monetária”. Ou seja, para a definição dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
Assim, os números do IBC-Br demonstram que antes mesmo da vitoriosa greve dos caminhoneiros a economia estava agonizante.
A estimativa de analistas do sistema financeiro é de expansão do PIB de 1,49% para 2018, em média. O próprio governo estima uma variação de 1,6%.
VALDO ALBUQUERQUE