“O programa de auxílio emergência funciona como um vetor que impede uma crise maior. Então, eu acho que a medida inteligente agora seria estender esse programa até o final do ano, pelo menos”, defende o professor Paulo Feldmann
O economista Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, afirmou na terça-feira (16) que o Auxílio Emergencial no valor de R$ 600 foi a mais importante entre as medidas que o país adotou para combater os efeitos econômicos da pandemia da Covid-19. Para o professor, a ajuda financeira aos trabalhadores informais e pessoas sem renda “funciona como um vetor que impede uma crise maior”.
“No Brasil você tem uma camada de pessoas muito pobres, um quarto da população brasileira vive com cerca de R$ 400 por mês. Metade da população brasileira vive com menos de um salário mínimo. Para essas pessoas, se você dá um auxílio emergência de R$ 600 como foi feito, é um valor muito importante para elas. Para quem ganha R$ 400 isto é quase que o dobro da renda. Então, essa pessoa começa a consumir, começa a comprar leite, comprar pão, vai comprar remédio, e isto ativa a padaria, a farmácia, a mercearia, o açougue da sua localidade, da sua cidade”.
“Essa ativação do consumo das pessoas mais pobres, isso se irradia pela economia e ela volta a funcionar. O programa de auxílio emergência funciona como um vetor que impede uma crise maior. Então, eu acho que a medida inteligente agora seria estender esse programa até o final do ano, pelo menos. Com isto, nós vamos ter uma atenuante importante no Brasil”, defendeu Feldmann, em entrevista à Rádio USP.
Paulo Feldmann também defendeu que a saída para a crise será o investimento em infraestrutura. Segundo o professor, um estudo realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP aponta que a cada R$ 80 bilhões, 1% do PIB investido em infraestrutura, são gerados 3 milhões de empregos.
“O Brasil deveria lançar um grande programa de infraestrutura, alguma coisa em torno de 4% do PIB, que daria R$ 320 bilhões, e com isto, geraríamos 12 milhões de empregos e resolveríamos o problema da infraestrutura” do País.