O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) recebeu, nesta terça-feira (3), o economista Paulo Kliass, o vereador Eliseu Gabriel e Carlos Pereira, redator especial do HP, para um debate sobre a reindustrialização e os caminhos para a retomada do desenvolvimento do país. O evento é parte do ciclo de debates “Projetos para o Brasil” do Sinal, e foi organizado pelo presidente regional do sindicato, Aldomar Guimarães.
O economista Paulo Kliass falou das consequências para o país a partir do aprofundamento das políticas do Consenso de Washington, “que tinha como ‘ordem’ privatizar, liberar as economias e promover o a austeridade fiscal”.
“Desde a década de 80, já tem mais de quarenta anos, e a gente continua repetindo exatamente esse mesmo modelo, discutindo um pacote de austeridade fiscal. E tudo isso vem provocando, então, o objeto dessa conversa, que é a redução da participação da produção industrial efetivamente, produção de bens, na economia”, afirma.
Carlos Pereira, organizador do livro “Produção versus Rentismo – Trabalhadores e empresários pela reindustrialização do país”, lançado no evento, destacou que “o nosso objetivo foi trazer essa discussão para a sociedade brasileira, para os trabalhadores brasileiros”.
“Estamos vivendo uma situação dramática na indústria brasileira. Na década de 80, a nossa indústria era 30% do PIB, hoje é 10%. Na década de 80, nosso PIB era maior do que o da China e da Coreia somados. Estamos regredindo, virando um país de especuladores. E um país com o tamanho do Brasil, com as riquezas que temos, com a capacidade que temos, ainda convivemos com 20 milhões de pessoas passando fome, 40 milhões de trabalhadores na informalidade”, argumentou.
“Então essa situação que é necessário mudar. É preciso que o Estado brasileiro entre pesado, com investimento, infraestrutura. Hoje, o Estado brasileiro pega o dinheiro da arrecadação e paga juros aos bancos. O problema fundamental é que a nossa economia está voltada para atender aos interesses da especulação”, ressaltou.
Para o vereador Eliseu Gabriel, que também lançou seu livro “Por um Brasil unido e forte”, é justamente a presença do Estado o que diferencia a economia de hoje com a das décadas passadas. “O Estado tinha um papel decisivo no investimento”, enquanto hoje, ainda há parte significativa seguindo esse ‘Consenso de Washington’, “aquela receita do império, dizendo olha vocês têm que privatizar suas empresas públicas, tem que cortar gasto, vocês têm muito funcionário público, que é prejuízo, essa é a receita”.
Confira abaixo a íntegra do debate: