O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) insistiu nas ofensas ao governo chinês, em nota divulgada na qual tenta se defender.
Ele reafirmou que compartilhou postagem contra a China acusando, sem provas, seu governo de esconder informações sobre a pandemia do coronavírus. Segundo ele, “é obrigação das autoridades deste [país] informar à sociedade e tomar as melhores medidas para conter seu avanço (e não agir mantendo sigilo da real condição)”.
Em vez de pedir desculpas, o filho de Bolsonaro manteve o tom de estupidez contra o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming: “não identifiquei qualquer desconstrução dos meus argumentos por parte do embaixador chinês no Brasil”.
O filho de Bolsonaro alega ter a “prerrogativa da imunidade parlamentar” para suas ações.
O deputado faz pouco caso da reação indignada do embaixador chinês diante das suas declarações e diz que “jamais ofendi o povo chinês, tal interpretação é totalmente descabida”. Embora toda a sua nota seja para continuar se metendo nos assuntos internos da China, principalmente quando a acusa de limitar “a liberdade de expressão e imprensa”.
“A culpa é da China e liberdade seria a solução”, disse Eduardo Bolsonaro em seu Twitter, que recebeu repúdios de diversos setores, não só da embaixada chinesa.
Na nota, Eduardo Bolsonaro expõe a sua ignorância. Para tentar refutar seu racismo ao vincular o Covid-19 como vírus chinês, imitando o que falou Donald Trump, disse que “seu comportamento não tem o mínimo traço de xenofobia ou algo similar”.
“Na comunidade médica, é bem comum que doenças sejam batizadas em referência à localidade de origem da mazela. Por exemplo, a gripe espanhola traz em seu nome o país na qual foi originada; o vírus Ebola faz referência ao rio do Congo de mesmo nome”, diz ele.
Mal sabe ele que a chamada gripe “espanhola” não surgiu na Espanha e sim no Kansas, nos Estados Unidos, em março de 1918. E só apareceu na Espanha em maio do mesmo ano.
E mesmo no ebola há controvérsia. Apareceu ao mesmo tempo no Sudão e, segundo autoridades no assunto, é muito difícil precisar com exatidão que a doença se originou na região do rio Ebola, no Congo.
A ofensa de Eduardo Bolsonaro recebeu condenações de vários setores no país. A bancada ruralista na Câmara divulgou nota afirmando que Eduardo Bolsonaro “não representa a nação”. A Frente Parlamentar Brasil-China também divulgou nota repudiando a hostilidade do filho aos chineses.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) pediu desculpas à China em nome do povo brasileiro. E o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), escreveu uma carta pedindo desculpas ao governo chinês.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, igualmente reagiu ao ato do 03. “O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo”, disse Mourão. “Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?”, questionou.
Em documento oficial do Itamaraty está registrado que a China é o principal parceiro comercial do Brasil. “Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e tem sido uma das principais fontes de investimento externo no País. O relacionamento vai além da esfera bilateral: Brasil e China têm mantido diálogo também em mecanismos como BRICS, G20, OMC e BASIC (articulação entre Brasil, África do Sul, Índia e China na área do meio ambiente)”, afirma o Itamaraty em um texto publicado no site oficial.
A declaração tosca de Eduardo Bolsonaro contra a China ignora até mesmo que seu pai foi recebido em outubro do ano passado pelo presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim, e assinou acordos na China.
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De acordo com a Wikipedia: A origem geográfica da pandemia de gripe de 1918-1919 (espanhola) é desconhecida. Foi designada de gripe espanhola, gripe pneumónica, peste pneumónica ou, simplesmente, pneumónica.
A designação “gripe espanhola” deu origem a algum debate na literatura médica da época, que talvez se deva ao fato de a imprensa na Espanha, não participando na guerra, ter noticiado livremente que civis em muitos lugares estavam adoecendo e morrendo em números alarmantes.[7]
A doença foi observada pela primeira vez em Fort Riley, Kansas, Estados Unidos, em 4 de Março de 1918,[8] e em Queens, Nova Iorque em 11 de Março do mesmo ano. Os primeiros casos conhecidos da gripe na Europa ocorreram em Abril de 1918 com tropas francesas, britânicas e americanas, estacionadas nos portos de embarque na França durante a Primeira Guerra Mundial. Em Maio, a doença atingiu a Grécia, Portugal e Espanha. Em Junho, a Dinamarca e a Noruega. Em Agosto, os Países Baixos e a Suécia. Todos os exércitos estacionados na Europa foram severamente afectados pela doença, calculando-se que cerca de 80% das mortes da armada dos Estados Unidos se deveram à gripe.
Estima-se que a gripe espanhola tenha vitimado entre 50 e 100 milhões de pessoas em todo o mundo, se tornando um dos desastres naturais mais letais da história humana.[9]