O filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo (PSL-SP), foi bastante criticado por publicar em sua rede social uma foto falsificada da ativista ambiental, a adolescente sueca Greta Thumberg, de 16 anos.
A ativista participou na segunda-feira (23) da Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
A publicação caluniosa aconteceu na quarta-feira (25), mesmo já tendo sido denunciada como falsa dias antes.
Na foto verdadeira, a ativista aparece em um trem fazendo uma refeição durante uma viagem pela Dinamarca. Na falsa foi acrescentada na janela do trem em que Greta está uma foto antiga, tirada na África e cujos direitos pertencem a uma agência de notícias. A foto falsa foi disseminada na internet por grupos fascistas.
A foto das crianças usada na montagem foi feita na República Centro-Africana pela fotógrafa Stephanie Hancock, da agência Reuters, em agosto de 2007. Elas foram fotografadas na vila de Korosigna, que, segundo a reportagem da agência, havia sido atacada por tropas do governo local em janeiro em 2006.
Essa foto adulterada foi postada por Eduardo Bolsonaro com um comentário: “A garota financiada pela Open Society de George Soros”. Na página oficial da fundação do bilionário húngaro-americano não consta nenhum vínculo direto com Greta.
A extrema-direita também falsificou uma foto em que a adolescente aparece com o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, que ela mesma publicou na sua rede social. No lugar de Al Gore, a imagem falsificada é de George Soros. A partir daí o boato de que ela tinha ligações com Soros se disseminou.
Apesar dos protestos, Eduardo Bolsonaro não só manteve a publicação falsa, como fez deboches contra a ativista e contra quem protestou.
Ele citou um trecho do discurso dela na ONU, no qual a jovem criticou as autoridades pelo descaso com o clima. Greta afirmou: “Vocês roubaram minha infância”. Eduardo Bolsonaro fraudou a frase, colocando: “vocês roubaram meus sonhos”. Nessa montagem, a frase aparece sobre uma foto do pai dele, Jair Bolsonaro, comendo um sonho de padaria.
O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPMI das Fake News, criticou Eduardo Bolsonaro, afirmando que “não é nada diplomático que um candidato a embaixador compartilhe informação falsa para o mundo inteiro ver”.
Bolsonaro indicou seu filho para ser embaixador nos Estados Unidos. Para que isso aconteça, ele precisa ser sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e aprovado pelo plenário.
A senadora Eliziane Gama, líder do Cidadania23 na Casa, que faz parte da Comissão, condenou a atitude do filho de Bolsonaro.
“As fake news são hoje um mal que precisa ser combatido em toda sociedade democrática do mundo. É algo que a gente não admite, e a gente não admite ainda mais quando ela é feita por uma representação pública. E ainda mais por uma representação pública que se propõe aí a estar em uma das embaixadas mais importantes do mundo”, disse Eliziane Gama.
“É de uma irresponsabilidade, no meu entendimento, sem precedentes. É lamentável, e eu vejo que o deputado precisa se retratar, fazer um pedido de desculpas para a jovem de 16 anos e para a sociedade brasileira e internacional”, cobrou a senadora.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também se pronunciou sobre a agressão de Eduardo. “Agora toda semana precisamos pedir desculpa por alguma bizarrice da família Bolsonaro. O filho do presidente, que quer ser nomeado embaixador pelo papai, divulga Fake News sobre um dos maiores símbolos atuais em prol salvação do planeta”, disse.
O ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) questionou: “É este ser abjeto que o Senado vai permitir ser embaixador do Brasil no mais difícil posto diplomático que temos ? Espero muito que não!”
O senador Humberto Costa (PT-PE), também da comissão de Relações Exteriores, comentou que “a prática de criar ou divulgar notícias falsas é profundamente lamentável, principalmente quando se trata de agredir e difamar uma jovem adolescente”. “E mais grave ainda quando isso é feito por um parlamentar que tem a pretensão de ser representante do Brasil no principal posto diplomático que nosso país tem no exterior”, assinalou.
Procurado, Eduardo Bolsonaro disse que não ia se pronunciar para a imprensa e admitiu que sabia da farsa da foto. Segundo ele, “devemos cagar p/ imprensa”. “Se você deixar de fazer algo pq “ah, a imprensa vai me atacar” então aí você ficará calado e eles terão atingido o objetivo deles”, escreveu ele.
Nas nas redes sociais debochou mais ainda de quem o critica.