O filho de Bolsonaro, Eduardo, reclamou da avalanche de repúdios ao nazismo, horas depois que o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, foi demitido do cargo, diante dos protestos e da indignação que gerou a sua atitude, por copiar uma citação do chefe da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, em um vídeo seu.
Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro declarou que o nazismo não é tão ruim assim. Para tanto lançou mão do expediente corriqueiro de Goebbels e do nazismo de repetir uma mentira várias vezes para violentar a verdade.
Segundo Goebbels, “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. E o seu chefe, Hitler, completou: “Uma mentira dita cem vezes, torna-se verdade um dia”.
E, para ocultar os crimes do nazismo, foi o que o filho de Bolsonaro fez em seu Twitter várias vezes, na noite de sexta-feira (17), ao dizer que “muito mais assassino foi e é o comunismo/socialismo, que vive trocando de nome e se reinventando, porém segue matando por onde passa”. E que “o comunismo matou +100 milhões de pessoas”.
“Comunismo matou mais do que nazismo”, repetiu.
Justo a União Soviética, país que mais se sacrificou, que teve 26,6 milhões de mortos, entre civis e soldados, na luta durante a Segunda Guerra para libertar a Humanidade do nazismo.
Além do mais, Franklin Delano Roosevelt, presidente dos EUA, durante a Segunda Guerra, e Sir Winston Leonard Spencer-Churchill (Winston Churchill), primeiro-ministro do Reino Unido no período, que se aliaram a José Stalin, então líder da União Soviética, para enfrentar Hitler, com certeza repudiariam a fala do 03 (zero três), como o chama o pai.
Eduardo Bolsonaro atribui à União Soviética os crimes que o nazismo cometeu, prática comum dos nazistas de jogar sobre os outros a barbárie que eles praticaram.
Apesar de escrever em seu post que “o Brasil corretamente abomina o nazismo”, o deputado federal lembrou e pediu apoio a seu projeto de lei (o PL 5358 de 2016, que corretamente não andou na Câmara) para criminalizar os símbolos do comunismo, medida tomada por governos nazifascistas na Europa, entre eles o da Polônia. Mas não fez nada para criminalizar o nazismo, a sua propaganda e a sua violência.
Assim como Roberto Alvim, o post do filho de Bolsonaro provocou uma enxurrada de críticas na internet. Um dos internautas aconselhou o deputado a estudar história e trabalhar para resolver os reais problemas do país.
Outro notou a semelhança do que ele postou com a ideologia de Joseph Goebbels de repetir mentira para esconder a verdade.
“Quem segue matando por onde passa são as milícias”, respondeu um deles.
Outra comentou: “Incrível como tentam minimizar até o nazismo, se lhes for conveniente!”. “Mas vcs seguem certinho a cartilha do Goebbels hein?”, questionou uma interrnauta.
Uma seguidora de Eduardo Bolsonaro disse que: “Não tinha visto um discurso nazista quando assisti ao vídeo pela primeira vez. Até pq não conheço todas as fala desta época. Mas depois de toda repercussão, decidi dar uma olhada no vídeo novamente. A feição do ministro [Roberto Alvim] me assustou. Parece possuído mesmo”.
“Lembre que foi Stalin, um comunista que derrotou Hitler o nazista. Vc engana o gado com esta narrativa barata”, lembrou uma seguidora.
“Eu abomino os milicianos, verdadeiros assassinos de aluguel. Não diferem da turma de Hitler”.
“Abomino qualquer forma de fanatismo. Mas abomino ainda mais os milicianos, os corruptos e os assassinos, que mutilam e dilaceram as famílias e a esperança do povo”.
“Os ideais Nazistas estão dentro do governo Bolsonaro”.
“Essa relativização é uma descarada passada de pano para os nazistas …”
“Analfabeto”.
Assim reagiram vários outros internautas à fala do filho de Bolsonaro.
Alguns internautas optaram pelo humor: “Só tem maluco nessa zorra… Melhor voltar a fritar hambúrguer!!”
Um deles suplicou: “Ai, cara, cala a boca pelo amor de deus”.
“Pelo visto a atrofia é em dois órgãos: no pênis e no cérebro…”, ironizou outro.
Entre os que apoiaram Eduardo Bolsonaro e seu projeto de criminalizar os símbolos da esquerda esteve o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), o mesmo que quebrou placas em homenagem a Marielle Franco, assassinada pela milícia. Ele também, recentemente, apoiou o deputado que vandalizou uma exposição na Câmara dos Deputados pelo Dia da Consciência Negra.
E o deputado bolsonarista apoiou o filho de Bolsonaro com a criativa definição: “nazismo é comunismo”. Os outros apoiadores também não foram nada brilhantes.
Eduardo Bolsonaro já elogiou o regime sanguinário da ditadura de Augusto Pinochet no Chile, declarou que “para fechar o STF só precisa de um cabo e um soldado” e ameaçou com a reedição do Ato Institucional número 5 (AI-5) da ditadura imposta em 1964 caso aconteçam manifestações no Brasil iguais às recentes do Chile.
Por seu turno, seu pai declarou em abril (2019) que os crimes nazistas “podem ser perdoados”. “Podemos perdoar o Holocausto”, disse Bolsonaro.
Para lembrar, por quase um ano, entre novembro de 1945 e outubro de 1946, o Tribunal Militar Internacional reuniu-se em Nuremberg (Alemanha) para julgar os nazistas, após a Segunda Guerra Mundial. Foram ouvidas pelo Tribunal 236 testemunhas. Cinco mil documentos foram recolhidos e analisados.
No fim do julgamento dos nazistas pelos seus crimes, o histórico tribunal destacou: “Hitler e seu sistema provocaram um sofrimento enorme, além de privação e miséria, entre o povo alemão. Com o final desse processo, Hitler será desprezado e condenado como um dos autores desse infortúnio. O mundo, no entanto, deverá aprender do ocorrido que ditaduras como formas de Estado deverão não apenas ser odiadas, mas também temidas”.
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