O presidente reeleito do Egito, o general Abdul Fattah al-Sissi, garantiu a reeleição através de uma série de atentados, pressões, detenções e anulação de todas as chapas opositoras, menos uma, a de seu apoiador declarado, Mussa Mustafá Mussa.
Apesar de até o dia 20 de janeiro ter feito campanha para Sissi, Mussa, que só serviria para dar um ar de ‘disputa’ nas eleições de cartas marcadas, negou a manobra e declarou: “Não estou entrando nessa eleição como uma marionete”.
Nas eleições presidenciais de 16 a 18 de março, o resultado foi de 97% dos votos a favor da reeleição de Sissi. Seu ‘adversário’ não chegou a 3%. Mas o preço pago pela eleição na marra, obtida por Sissi, foi uma abstenção de 60% dos eleitores.
No início da corrida presidencial, o principal candidato que se lançara em oposição a al-Sissi, o ex-chefe de Estado Maior, Sami Anan, foi preso ao final de janeiro, sob o pretexto de que este se declarara candidato sem permissão das Forças Armadas.
Alguns dias antes da prisão de Anan, um de seus principais assessores, Hisham Genena, foi agredido ao sair de sua residência.
Mahmoud Refaat, porta-voz do candidato Anan, denunciou a agressão a Genena: “Este ataque é uma mensagem direta ao Sr. Anan”. Mas como o candidato manteve sua postulação, veio a ordem de prisão.
Outro candidato que se retirou da disputa, o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq, foi, segundo familiares, sequestrado e depois de 24 horas de sumiço foi ainda detido em um hotel no Cairo.
“Essa eleição é uma piada”, afirmou o sobrinho do ex-presidente Sadat, Mohamed Anwar Sadat. Ele também denunciara que foi forçado a renunciar a sua candidatura depois de agressões sofridas por diversos de seus apoiadores; mesma denúncia apontada por Khaled Ali, advogado que se destacou por sua luta em favor dos direitos humanos e contra a corrupção.
Diante dessa saraivada de atropelos os candidatos opositores acabaram se insurgindo contra a farsa eleitoral e, em encontro com a participação de mais de 150 candidatos, dia 30 de janeiro, apoiadores e ativistas lançaram o chamado à população para o boicote às urnas.
O evento foi comandado por Genena, assessor do principal candidato opositor, e pelo advogado nasserista, Hamdeen Sabahy.
No domingo, 4 de fevereiro, Sissi estava nervoso e em um evento ameaçou: “Haverá outras medidas contra qualquer um que acredite que pode mexer com a segurança do Egito” e acrescentou: “Não tenho medo de ninguém, a não ser de Deus”.