Um dos maiores festivais do Brasil na atualidade, o João Rock, foi marcado por grandes apresentações e por protestos e coros contra o Governo Bolsonaro. Em Ribeirão Preto a 312 quilômetros de São Paulo, o festival, considerado o maior do país dedicado ao rock nacional, tem uma trajetória marcada por manifestações políticas.
O público gritou a plenos pulmões “fora, Bolsonaro”, “ei, Bolsonaro, vai tomar no cu”, a mesma tônica do Lollapalooza e da Virada Cultural de 2022, que ocorreram em março e maio na capital paulista.
Boa parte das manifestações partiram da platéia, composta por 70 mil pessoas. Enquanto alguns cantores preferiram se abster, outros levantaram suas vozes contra Bolsonaro.
Entre eles, estava Emicida. Ao fim do segundo ato do show-manifesto que lançou no festival —”Amor, Ordem e Progresso”, com Criolo e Céu—, o rapper interrompeu o coro anti-Bolsonaro e fez um pedido ao público. “Faz um favor pra mim? Quando chegar outubro, mandem este lixo de volta para o esgoto de onde ele nunca deveria ter saído”.
As manifestações atravessaram toda a apresentação, que tomou o palco com projeções das faces de ícones do movimento negro como a escritora Suely Carneiro e o ator Milton Gonçalves, que morreu recentemente.
Antes de Emicida subir ao palco, houve ainda Djonga, que elevou a voltagem política do João Rock à sua máxima potência. Primeiro, o rapper pediu que o público levantasse as mãos, erguesse bem os dedos do meio e pensasse em alguém que “odeiam muito e não respeitam”.
Foi a deixa para que o recinto fosse dominado por criticas a Bolsonaro, que se repetiram por pelo menos mais três vezes até que, a 15 minutos de o show com duração de uma hora ser encerrado, Djonga pediu que a plateia formasse uma roda para bater as cabeças, prática conhecida como “mosh”.
Foi o prelúdio para o ápice de sua apresentação, e também um dos pontos mais catárticos do festival, que ocorreu quando Djonga colocou seus bailarinos para dançar ao som do coro de “ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”.