Eike Batista voltou a ser preso pela Polícia Federal na quinta-feira (8).
A Polícia Federal também cumpre mandado de prisão contra Luiz Arthur Andrade Correia, mais conhecido como Zartha, que foi contador de Eike até 2013. A PF cumpre ainda mais quatro mandados de busca e apreensão.
O pedido de prisão foi expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, no Rio de Janeiro. Sabe-se que a investigação está relacionada à manipulação de capitais e informação privilegiada, mas o juiz ainda não apresentou os fundamentos da prisão temporária.
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), Bretas determinou também o bloqueio de R$ 1,6 bilhão. O valor envolve bens dos filhos Thor e Olin Batista.
O valor bloqueado judicialmente de Eike, Thor e Olin Batista se refere a R$ 800 milhões por danos morais e R$ 800 milhões por danos materiais.
A ação faz parte da Operação Segredo de Midas, desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. O nome da operação é uma referência ao fato de Eike ter sido considerado um dos mais ricos do mundo, comparando-o ao rei Midas, da Frigia, personagem da mitologia grega. Diz-se que em tudo que Midas tocava virava ouro.
Eike Batista já tinha sido condenado a 30 anos por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ele foi preso em janeiro de 2017, mas três meses depois o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que fosse solto.
Eike foi preso na época após dois doleiros contarem em acordos de colaboração premiada que Eike pagou US$ 16,5 milhões de propina ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que está preso.
Na terça-feira (6), Eike deu depoimento aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES da Câmara. Ele apelou para o discurso da vitimização diante dos membros da CPI. Disse para os parlamentares que foi condenado “injustamente” e que é “inocente” de todas as acusações. E que não foi beneficiado irregularmente pelo BNDES.
Declarou ainda que não sabia da corrupção de Sérgio Cabral e de Lula, alegando que eles eram muito populares na época. Falou que “o governo [petista] me abandonou”.
A verdade é Eike Batista fez tenebrosos “ótimos” negócios com o governo na era PT de Lula e Dilma e do PMDB de Sérgio Cabral.
Um dos empreendimentos do ex-bilionário foi a negociação com o Estado do Rio de Janeiro, na época governado por Sérgio Cabral, que resultou na aquisição do Porto do Açú, no Norte Fluminense. O terreno de seu mega-empreendimento, que estava sob o controle do governo estadual, foi comprado pelo ex-bilionário com um cheque de 37,5 milhões de reais ao Estado do Rio, governado pelo amigo Sérgio Cabral, a quem emprestava seus jatinhos. A área de 75 mil metros quadrados valia 1,2 bilhão de reais.
No dia 26 de abril de 2012, a então presidenta Dilma Rousseff elogiou Eike classificando-o como “orgulho do Brasil”, durante visita a São João da Barra, município litorâneo do norte do Rio de Janeiro. Na época ela defendeu a realização de parcerias entre a Petrobrás e a petroleira OGX, uma das subsidiárias do grupo EBX, controlado por Eike.
Depois Dilma visitou as obras do porto do Açu, no litoral de São João da Barra.
“O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil”, afirmou Dilma, para quem ele “tem capacidade de trabalho”, “busca as melhores práticas”, “quer tecnologia de última geração”, “percebe os interesses do País” e “merece o nosso respeito”. Para Dilma, “não há e não pode haver concorrência no nosso espírito entre duas grandes empresas, como é o caso da Petrobrás e da OGX”.
Relacionadas:
Veja aqui os elogios de Dilma a Eike: