Sebastián Piñera, eleito presidente do Chile, no domingo, pela coligação pinochetista, elogia o candidato apoiado pela socialista Michelle Bachelet, Alejandro Guillier. “Li seu programa de governo e há muitas boas ideias, que vamos incorporar”, disse Piñera, ao receber os cumprimentos do adversário. Piñera contou com o apoio da extrema-direita comandada por José Antonio Kast, apoiador da ditadura de Pinochet.
Com poucas diferenças em relação à política econômica de Bachelet, Piñera afirmou que espera contar com integrantes do governo socialista para “resolver os nossos problemas”. Semelhante ao que tem ocorrido no Brasil, as forças que se intitulam de esquerda no Chile, vêm praticando uma política neoliberal que beneficia os bancos e os monopólios em detrimento da população.
Este comportamento, que contradiz o que a população esperava de um partido de esquerda, frustrou a expectativa do povo e propiciou a volta do bilionário pinochetista ao governo chileno. Aliás, já é a segunda vez que Piñera vence a eleição depois de um governo da socialista. “Espero que continuemos a trabalhar juntos no futuro”, afirmou Piñera, dirigindo-se a Guillier.
Guillier não conseguiu a mobilização de que necessitava. O jornalista que saltou para a política precisava do apoio de todos os votantes da Frente Amplio para reverter os resultados do primeiro turno, no qual Piñera obteve 15 pontos de vantagem. E os níveis de participação, menores do que no primeiro turno, indicam que muitos deles preferiram ficar em casa a votar no candidato de Bachelet.
As diferenças entre os dois campos acabam sendo localizados apenas em temas como aborto, homofobia, violência, etc. Diante de seus simpatizantes, o presidente eleito voltou a elogiar Guillier, sugerindo que seguirá fazendo gestos de aproximação à centro-esquerda, o que foi sua estratégia de campanha. “Vou propor a todos as forças politicas que nos ajudem a resolver nossos problemas. Viva a diferença e a convergência de ideias”, disse Piñera, reforçando que há mais convergência do que diferença entre seu partido e o de Bachelet.