Pesquisa Reuters/Ipos registrou que dois terços dos entrevistados não querem que nenhum dos dois concorra novamente
A continuação de Joe Biden na presidência dos EUA ou a volta de Donald Trump são rechaçadas pela grande maioria dos norte-americanos, segundo pesquisas de opinião recém realizadas, e que coincidem com o “lançamento oficial” do atual ocupante da Casa Branca, que ocorreu ontem (25), e com o início do julgamento, sob acusação de estupro, do bilionário ex-presidente.
Pesquisa Reuters/Ipos registrou que dois terços dos entrevistados não querem que nenhum deles concorra novamente em 2024.
A pesquisa, que segundo a CNN mostrou um público norte-americano “pouco entusiasmado” com a perspectiva de uma revanche Biden-Trump, inquiriu 1.005 adultos nos Estados Unidos, incluindo 445 autodenominados democratas e 361 republicanos.
Ainda, cerca de metade dos eleitores democratas dizem que Biden não deveria disputar a reeleição no ano que vem e 61% o consideraram velho demais para trabalhar no governo – “um sinal preocupante para o líder de 80 anos”, acrescentou a CNN.
NBC NEWS: SEM VOLTA
Segundo uma pesquisa da NBC News, 60% dos cidadãos do país acreditam que Trump não deve tentar voltar ao Salão Oval, incluindo cerca de um terço dos membros do Partido Republicano. Ao mesmo tempo, 70% dos entrevistados acreditam que Biden também não deve aspirar a um segundo mandato, com 51% deles sendo eleitores do Partido Democrata.
Entre as razões para a rejeição, no caso de Biden a questão da idade foi declarada como o elemento central, o que em parte reflete as várias ocasiões em que o ocupante da Casa Branca se mostrou desorientado, ou tropeçou, em público.
Quanto a Trump, para 30% dos que não querem sua volta, o que mais pesa são as acusações criminais contra ele em Nova York, que vão da invasão do Capitólio a um cala-boca pago pelo silêncio de uma atriz pornô, mais a contabilidade criativa na Trump Organization.
“EXAUSTÃO”
Conclusão semelhante foi obtida pela pesquisa Yahoo News/YouGov, que pediu aos entrevistados que apontassem, em uma lista de oito sentimentos, o que lhes vinha à mente ao considerar uma revanche Biden x Trump, com 38% identificando a “exaustão”. Entre os eleitores registrados, o número vai a 44%.
A pesquisa, com 1.530 adultos americanos, foi realizada de 14 a 17 de abril, com margem de erro de 2,8%. Medo, tristeza e indignação obtiveram respectivamente 29%, 23% e 23%. Esperança, excitação e orgulho registraram respectivamente 23%, 16% e 8%.
Levando em conta que Biden tem como lema de campanha “deixe-me terminar o trabalho” e por sua vez Trump retorna com o bonezinho MAGA, não chega propriamente a surpreender que o sentimento de “exaustão” seja o que melhor traduza tal revanche.
ELES NÃO
Em suma, por vários caminhos, a grande maioria do povo norte-americano repudia as gestões Trump e Biden.
Trump, por estar inapelavelmente marcado pela tentativa de golpe contra a oficialização da vitória nas urnas de Biden com a invasão do Congresso norte-americano em 6 de janeiro, pelo indecente alívio fiscal aos bilionários amigos enquanto arrochava programas sociais, pelo desastre negacionista na epidemia de Covid e pelo racismo e xenofobia.
E por ter deixado a cama pronta para a guerra na Ucrânia ao atender aos neocons e revogar o acordo INF que impedia que mísseis nucleares da Otan fossem instalados às portas da Rússia. E por ter escancarado a guerra tarifaria e tecnológica contra a China e pelo açulamento das pressões em Taiwan e Xinjiang.
Em tempo: um juiz federal de Nova York fez a seleção do júri que irá decidir se Trump, de 76 anos, é culpado por estupro e difamação. Denúncias feitas por E. Jean Carroll, jornalista de 79 anos que afirma ter sido estuprada por Trump na década de 1990 no provador de roupas de uma loja de luxo em Manhattan. Ao negar, o bilionário disse que Carroll “não fazia o tipo dele” e teria inventado a história para “vender livro”, chamando-a de “doente mental”, daí o processo por difamação.
Já Biden se tornou o presidente das sanções e da inflação em alta, enquanto empurra o mundo para a Terceira Guerra Mundial, com sua guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia.
Isso depois de ter sido, como vice de Obama, figura central no golpe de 2014 que derrubou o presidente legítimo ucraniano e instalou os antirussos e nazistas no poder, e desencadeou a operação ‘antiterrorista’ contra o Donbass e sua população.
Ainda, Biden gabou-se em vídeo que circulou amplamente nas redes sociais de ter colocado no devido lugar um procurador-geral ucraniano que ousara incomodar o oligarca da Burisma, empresa de gás privada que propiciara uma sinecura milionária ao seu filho Hunter.
Foi Biden, segundo investigação do premiado jornalista Seymour Hersh, quem mandou a CIA explodir os gasodutos Nord Stream.
O octagenário-em-chefe na Casa Branca segue também apostando em provocar um confronto com a China em Taiwan, em manter a “ordem unipolar sob regras” e impor uma ‘Otan global’.
A idade e a experiência contam – mas, como dizia nosso sábio Ulysses Guimarães, o problema não é ser velho, “é ser velhaco”.