No primeiro debate entre candidatos para a Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) defendeu o ensino integral nas escolas e criticou o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), por não ter construído nenhum Centro Educacional Unificado (CEU), apesar de ter prometido 12 em seu plano de metas.
O debate da Band ocorreu na quinta-feira (8), com a participação de Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSD) e Pablo Marçal (PRTB).
Segundo o Datafolha, Nunes e Boulos estão tecnicamente empatados na liderança da disputa eleitoral, com 23% e 22% das intenções de voto, respectivamente.
Guilherme Boulos criticou o atual prefeito por não ter construído nenhuma unidade de CEU. A candidata a vice de Boulos, Marta Suplicy (PT), foi a criadora dos CEUs.
“O atual prefeito, Ricardo Nunes, foi o único, desde a Marta, que não entregou nenhum CEU. Tinha 12 no plano de metas dele, iniciou a obra de 5”, criticou.
Ainda no tema da educação, Guilherme Boulos propôs “garantir escola em tempo integral para as crianças poderem ter sua aula normal no turno e no contraturno a gente poder ter atividades culturais, de esporte e curso de idioma”.
O deputado comentou sobre a preocupação das famílias que, por estarem trabalhando, não têm com quem deixar o filho enquanto ele não está na escola.
“A mãe que deixa o filho na escola antes de ir trabalhar, vai poder deixar e depois buscar. Só pega quando estiver saindo do trabalho. Com escola no tempo integral, a gente resolve a segurança dessas crianças, a preocupação dessas mães e garante uma educação exemplar”, defendeu.
Boulos ainda criticou Nunes por conta da situação da saúde na cidade de São Paulo, que tem uma fila de 445 mil pessoas por exames. O candidato propôs o “Poupatempo da saúde”. “Tenho ao meu lado o criador do Poupatempo para tirar isso de papel. Levar 16 centros policlínicos onde mais falta. Esse vai ser o Poupatempo para acabar com o estrago feito pela atual gestão”.
Para ele, na gestão de Ricardo Nunes a “cidade andou para trás. A população de rua dobrou, a fila da saúde aumentou”.
Por seu lado, o atual prefeito fustigou Boulos, cobrando que o psolista “precisa responder quem é Nicolás Maduro”. “Você precisa responder tantos nomes, Boulos”.
CRIMES E CORRUPÇÃO
O tema da corrupção esteve bastante presente no debate, com diversas acusações contra Ricardo Nunes. Guilherme Boulos citou o caso das obras sem licitação executadas pelo empreiteiro amigo de Nunes, Pedro José da Silva.
O empresário “recebeu de contratos em obras sem licitação. Ele [Nunes] escolheu a empreiteira do cumpadre para receber. Em uma escolha entre você [eleitor], a cidade e os amigos, ele escolheu os amigos”.
José Luiz Datena por sua vez acusou a gestão de Ricardo Nunes de ter contratos com empresas de transportes ligadas ao PCC.
Tabata Amaral perguntou diretamente para Ricardo Nunes sobre a acusação de violência doméstica feita por sua esposa, registrada em um Boletim de Ocorrência. Nunes já negou a veracidade desse documento, mas a própria Secretaria de Segurança disse que a esposa foi a uma delegacia para comunicar a agressão.
Ricardo Nunes falou que “na época de eleição, aparecem esses assuntos. No período de eleição, forjam essas histórias”.
“Não fala da minha família!”, gritou Regina Carnovale, esposa de Nunes, do meio da plateia, em defesa do marido.
A deputada Tabata Amaral também mencionou, durante o debate, a condenação do coach Pablo Marçal “por formação de quadrilha em um esquema de fraudes bancárias”. “Ele também é investigado pela PF por falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro”.
Guilherme Boulos, mais tarde, insistiu no tema. “O Pablo Marçal disse que sai da disputa se alguém apresentar a sentença de condenação dele, que a Tabata disse, que é verdadeira. Foi condenado por formação de quadrilha, por fraude bancária”.
Boulos publicou em suas redes sociais uma cópia da condenação de Marçal.
Isolado no debate, Pablo Marçal apostou no engajamento nas redes sociais, deixando de apresentar propostas para a cidade e para usar frases de impacto.
“Minha proposta número um é tirar você [Nunes] da Prefeitura e a número dois é fazer o Boulos, se ele tiver o sonho de ser prefeito, mudar de cidade”, disse.
Para Marçal, todos os demais candidatos são “de esquerda ou centro-esquerda”.