
Ao longo dos primeiros 30 dias da operação de ajuda humanitária coordenada pelo governo federal na Terra Indígena Yanomami, a Força Aérea Brasileira (FAB) já entregou mais de 400 toneladas de mantimentos e medicamentos à população. O balanço foi divulgado pela FAB, que atua com o Exército Brasileiro, Marinha e o governo federal.
O transporte de suprimentos faz parte de uma das frentes de atuação das Forças Armadas na crise sanitária no território. As entregas têm sido feitas pelo Comando Operacional Conjunto Amazônia.
O maior território indígena do Brasil passa por uma grave crise humanitária e sanitária em que dezenas de adultos e crianças sofrem com desnutrição grave e malária causada pela invasão do garimpo ilegal na região. A situação se agravou com o incentivo pelo governo Bolsonaro aos criminosos e seu o boicote à atuação das instituições públicas na terra indígena.
Desde o dia 20 de janeiro, a região está em emergência de saúde pública.
Conforme o Comandante do Comando Operacional, Major-Brigadeiro do Ar Nogueira, medicamentos, alimentos e materiais para atendimento aos indígenas estão entre os itens entregues. Durante a atuação, a FAB ultrapassou mais de 1.200 horas de voos para o território indígena.
“Talvez, depois da Covid, esta seja a maior operação já feita em termo de hora de voo nos últimos anos pelas Forças Armadas. É uma satisfação muito grande chegarmos a esses números, com zero acidente, zero incidente e com a participação interagências. A participação de diversos órgãos governamentais tem feito com que o nosso trabalho gere uma sinergia muito grande, e a gente só tem a comemorar com isso”, disse.
Os suprimentos chegam ao território por meio do Aeródromo de Surucucu, onde funciona a base de referência em saúde e logística da Terra Yanomami. De lá, partem para a distribuição.
Os kits estão sendo enviados por cinco aeronaves (C-98 Caravan, C-97 Brasília, C-105 Amazonas, C-130 Hércules e KC-390 Millennium), que realizam os lançamentos aéreos com paraquedas, em função do difícil acesso à região, e helicópteros, em especial o H-60 Black Hawk.
VISITA
A bordo de um helicóptero H-36 Caracal, da FAB, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, realizou, no sábado, um voo para acompanhar os trabalhos realizados na base federal instalada no Território Yanomami, no estado de Roraima.
Na comitiva, estavam o líder indígena Davi Kopenawa; a coordenadora da Frente de Proteção EtnoAmbiental Yanomami e Ye’kuana da Funai, Elaine Maciel; o secretário executivo do MMA, João Paulo Capobianco; o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho; o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt; e o Superintendente do Ibama em Roraima, Diego Bueno.
O Subcomandante do Comando Operacional Conjunto Amazônia, General de Brigada Marcelo Lorenzine Zucco, que também acompanhou a comitiva no voo, apresentou o planejamento situacional da Operação Yanomami para a ministra.
De acordo com o General Zucco, a Operação é muito dinâmica. “Prestamos apoio aéreo a integrantes dos ministérios envolvidos e demais órgãos públicos federais que necessitam de suporte das Forças Armadas para cumprirem suas atribuições constitucionais, como a Polícia Federal, a Sesai, o Ibama, a Funai, e o IBGE. Importante ressaltar que trabalhamos de forma conjunta, utilizando indicadores para sabermos onde e como vamos prestar os apoios diários”, acrescentou.
HOSPITAL DE CAMPANHA
O Hospital de Campanha (HCAMP) da FAB registrou 1.687 atendimentos a indígenas até o último sábado. A estrutura, montada para atender indígenas doentes, fica na Casa de Saúde Indígena (Casai), região de Monte Cristo, zona Rural de Boa Vista.
Segundo o comandante da unidade, Major Médico Felipe Figueiredo, a saúde dos indígenas tem evoluído de forma satisfatória, sem registros maiores de transferências para hospitais da capital.
“De lá para cá o que a gente vem percebendo, realmente, é a diminuição nos atendimentos. Esse trabalho em conjunto com os Médicos Sem Fronteiras, Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Força Nacional do Sistema Único de Saúde tem conseguido dar uma estabilizada”, disse.
HISTÓRICO
A Força Aérea iniciou a atuação na Operação Yanomami no dia 22 de janeiro, para frear a crise e desde então os trabalhos seguem de forma ininterrupta. Nas ações de apoio são utilizadas 11 aeronaves da Força Aérea, Exército Brasileiro e Marinha.
Além da entrega de mantimentos e atendimentos de saúde, a Força Aérea têm atuado em ações relacionadas à segurança do território. Desde fevereiro, a FAB realiza o controle do espaço aéreo sobre a Terra Indígena Yanomami para combater o garimpo ilegal.
No dia 6 de fevereiro, a Força determinou a criação de três corredores aéreos para a saída voluntária de garimpeiros do território. No último dia 123, os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio Monteiro, decidiu fechar o espaço aéreo a partir do dia 6 de abril.
O objetivo da medida é forçar a saída de garimpeiros que insistem em ficar na região. O avanço do garimpo ilegal na área é apontado como uma das causas dos problemas enfrentado pelos indígenas Yanomami.