A intervenção militar no Rio de Janeiro promovida por Michel Temer (PMDB) completa seis meses nesta quarta-feira (16).
Um balanço divulgado pela organização Fogo Cruzado mostrou que o número de tiroteios e disparos na cidade após o início da intervenção foi cerca de 37% maior se comparada aos cinco meses anteriores à implantação da medida.
De acordo com a organização, que trabalha com informações coletadas por usuários, pela imprensa e pelas polícias, foram registrados 4.005 tiroteios entre 16 de fevereiro e 16 de julho, contra 2.924 entre 16 de setembro de 2017 e 15 de fevereiro de 2018. Segundo a apuração de um aplicativo de celular chamado ‘Onde Tem Tiroteio’, onde os usuários registram o local e o horário onde ocorrem confrontos armados, em menos de 48 horas, aproximadamente 27 tiroteios foram registrados em várias regiões do Rio de Janeiro.
Completando agora seis meses do início da medida, o que temos é um quadro regressivo, em que foi oficializada o fim das UPPs. Além disso, também tivemos o aumento de quase todos os índices de criminalidade, medidos pela própria Secretaria de Segurança, além das centenas de mortes de inocentes em meio a essa guerra.
Os homicídios decorrentes de intervenção policial subiram nos três meses seguintes à intervenção. Passando de 300 em 2017, para 352 no mesmo período deste ano. “As soluções continuam sendo as mesmas, mais gente, mais viaturas, subir morro. Isso não resolve”, diz um coronel da Polícia Militar que não quis ser identificado.
Para o pesquisador Arthur Trindade, a intervenção deve ir além se quiser aumentar as resoluções dos crimes. “Teria que articular ações com o Ministério Público, mas não tem nada previsto. A intervenção esquece que a segurança pública é uma área complexa, que precisa envolver muitos outros atores”.
Para o coronel Fernando Belo, presidente da Associação de Oficiais Militares do RJ, a intervenção já é uma batalha perdida. “Não tem tempo nem dinheiro para cobrir a defasagem da PM, que é de 20 mil homens. Mesmo com a extinção de todas as UPPs, que têm 8.000”.
Ainda segundo ele, uma “luz no fim do túnel” estaria na integração de polícias, no aperfeiçoamento da formação e na compra de insumos para proteger os policiais. “Não da para continuar assim, estamos sendo caçados nas ruas”.