A cesta de alimentos mais cara foi a do Rio de Janeiro (R$ 884,97), seguida pelas de São Paulo (R$ 867,41) e Fortaleza (R$ 766,50), segundo a plataforma Cesta de Consumo HORUS
O valor médio da cesta de alimentos básicos teve aumento recorde em abril em todas as oito capitais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV). De acordo com os dados da plataforma Cesta de Consumo HORUS, divulgada na quarta-feira (11), o preço do conjunto de alimentos variou de 5% a 10,7% no mês passado.
As maiores altas na cesta básica de alimentos comparada aos preços de março de 2022 foram registradas em Curitiba (10,7%), Belo Horizonte (9,6%) e São Paulo (7,8%). As capitais Manaus e Fortaleza apresentaram as menores altas, com 5,0% e 5,1%, respectivamente. “Ainda assim bem significativas, considerando que a variação se refere ao período de apenas um mês”, aponta a nota de divulgação do Ibre-FGV.
CESTA CONSOME MAIS DE 70% DO SALÁRIO MÍNIMO
As cestas de alimentos – com 18 produtos mais consumidos pelas famílias brasileiras – que ficaram ainda mais caras foram identificadas no Rio de Janeiro, onde o conjunto de alimentos básicos custa R$ 884,97; e em São Paulo, onde atinge R$ 867,41. Esses valores correspondem a mais de 70% do salário mínimo atual, de R$ 1.212,00.
Considerando a cesta de consumo ampliada, que inclui 51 produtos – além dos alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza-, o aumento também foi generalizado entre as oito capitais. Os valores mais altos foram sentidos pelas populações do Rio de Janeiro (R$ 1.818,00) e São Paulo (R$ 1.798,66). As maiores altas no valor da cesta ampliada foram registradas em Belo Horizonte (12,6%) e Curitiba (7,7%). Dos 51 itens, 40 tiveram alta.
“Em suma, abril de 2022 se apresenta como um mês de forte escalada de preços em quase todos os produtos pesquisados, em todas as capitais”, diz o Ibre.
Os produtos que mais pesaram no orçamento das famílias foram o arroz, feijão, leite, óleo de soja, ovos, margarina, massas, frango, café, frutas e legumes.
“O preço do litro de leite UHT aumentou entre 8% e 15% em um mês. O aumento do preço dos insumos tem elevado o custo de produção do leite, especialmente o milho e a soja, que registraram forte valorização devido à quebra da safra brasileira”, comenta a nota do Ibre. O óleo de soja, exemplifica, teve variação de preço de até 18,3% no mês.
“O aumento do preço dos ovos é consequência, principalmente, de dois fatores. Um deles é a alta procura do produto, como uma alternativa de proteína mais econômica, em função do aumento de preço das carnes. Outro fator é a elevação dos custos de produção, em especial do milho, usado na ração para alimentar as galinhas”, diz o estudo.
O aumento recorde nos preços e o espalhamento entre os produtos são mais uma demonstração da grave crise da economia brasileira sob o governo Bolsonaro. Com a disparada generalizada nos preços não só dos alimentos, mas da energia elétrica, dos combustíveis, em meio ao desemprego, endividamento recorde e renda apertadas.
Os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial da inflação – que atingiu a maior taxa no mês de abril em 26 anos e acumula em 12 meses alta de 12,13% – apontam que nesse período os itens da cesta básica medidos pelo IBGE subiram 103%.