Ailton Barros foi preso na última quarta-feira (3) durante operação da PF contra falsificação de cartões de vacina contra covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou áudio pouco antes das eleições de 2022, em que chama Ailton Gonçalves Moraes Barros, apontado como operador das fraudes em cartões de vacinação em Duque de Caxias (RJ), de “segundo irmão”. Isto é, ele é um sujeito de total confiança do ex-presidente.
O ex-presidente está completamente enredado em abundantes evidências materiais de vários crimes que teria cometido. Por isso, Jair Bolsonaro (PL) se recusou a comparecer, na semana passada, em oitiva na PF (Polícia Federal), e tem respondido às perguntas da imprensa com evasivas.
O áudio foi revelado pelo jornal Extra e obtido pelo Fantástico. O major reformado do Exército, Ailton Barros, foi preso, na última quarta-feira (3), durante operação da PF, contra falsificação de cartões de vacina contra a Covid-19. Ao todo, seis pessoas foram presas na ação, entre eles o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Barros é apontado como homem de confiança de Bolsonaro. Ele acompanhava o ex-presidente em viagens e apoiou o ex-presidente nas últimas eleições. Também foi votar com o presidente nas eleições.
Um pouco antes, em campanha para deputado estadual, recebeu o áudio.
Bolsonaro tem afirmado que não se vacinou e que nada tem a ver com essa fraude, que se transformou numa barafunda contra ele. Todavia, não parece crível que a fraude que o beneficiava diretamente tenha sido uma espécie de “proatividade” do ordenança dele na Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid. Isto é, Mauro Cid teria agido sem a anuência e ordem direta do ex-presidente.
É possível acreditar nisto?
Pelas características do ex-presidente é inimaginável que tudo isso tenha ocorrido sem a concordância, ordem direta, sem a expressa e anuência total do ex-chefe do Executivo. Já que a patranha o beneficiava direta e objetivamente.
‘SEGUNDO IRMÃO’
“Ailton, você sabe, você um velho colega meu, paraquedista. Tu é meu ‘segundo irmão’, né? Primeiro é o Hélio Negão, depois é você. Tu sabe o carinho que tenho contigo, da nossa amizade. Eu nem posso declarar meu voto, né? Mas você é um cara que eu gostaria muito que tivesse sucesso aí no Rio, tá ok?”, disse.
Expulso do Exército em 2008, Barros tem extensa ficha na Justiça Militar. Ele é réu em 13 processos, com anotações como tentativa de estupro, diversos episódios de violência contra os próprios militares, atropelamento e desacato a superiores.
Barros também chegou a ser preso administrativamente 7 vezes. Desde a expulsão do Exército, a mulher dele passou a receber, dentro da lei, pensão integral. Atualmente o valor é de R$ 22,8 mil. Com os descontos legais, o valor fica em R$ 14 mil líquidos.
M. V.