Os trabalhadores da Fiocruz, que decretaram greve de 48 horas para esta quarta (7) e quinta-feira (8), ao rejeitarem a proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo federal, receberam o apoio da própria direção da instituição.
Na segunda-feira (5), o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, entregou ao presidente Lula uma carta solicitando apoio à reivindicação dos funcionários e a revisão da proposta encaminhada pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI) após negociações com a presidência do órgão e o Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública (Asfoc-SN).
A proposta, a mesma apresentada ao conjunto dos servidores do Executivo, com reajuste zero neste ano e aumentos de 9% em 2025 e 4%, em 2026, foi rejeitada pela maioria dos servidores em assembleia no dia 2. A categoria reivindica reposição das perdas em 60% (20% de reajuste para 2024, 20% para 2025 e 20% para 2026).
Além do presidente da instituição, a carta também é assinada pelos integrantes do Conselho Deliberativo da Fiocruz – entre eles Paulo Garrido, presidente da Asfoc.
De acordo com a Moreira, a proposta apresentada pelo MGI “não considera as perdas salariais que já superam 60% desde 2010” e “nem é compatível com as exigências e expectativas que o próprio governo tem colocado para a instituição”.
Após fazer um contundente histórico da importância estratégica da Fiocruz na ciência e na área de Saúde brasileira, na fabricação de vacinas e medicamentos, no valor de seus hospitais, unidades de ensino e laboratórios de pesquisa, além de ser “a principal base industrial para o eixo saúde da nova política de industrialização”, a carta faz um apelo ao presidente pelo atendimento das reivindicações dos servidores.
“A Fiocruz vem se afirmando como Instituição Estratégica do Estado, patrimônio da ciência e da tecnologia brasileira e do SUS”, diz o documento, salientando que, “este Conselho entende que as demandas apresentadas (pelos funcionários) são legítimas”.
Destacando ainda a importância da Fiocruz no combate à recente epidemia de Covid e que, no momento, a instituição é alvo de uma das “maiores obras do PAC”, com a construção da “nova planta de vacinas no RJ”, e que o órgão foi selecionado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para ser produtora mundial da nova vacina contra a Covid-19 em plataforma de mRNA, a carta reforça a importância da valorização profissional dos seus servidores.
“É por isso, Presidente Lula, que a Fiocruz vem pedir vosso apoio para que seja revista a proposta apresentada como definitiva pelo Ministério da Gestão e da Inovação e que seja concedida à Fiocruz a oportunidade de receber uma nova proposta, condizente com o que essa instituição, prestes a completar 125 anos, representa para este país”, afirma o documento.
Aprovo a iniciativa da greve desses trabalhadores da saúde, da pesquisa e da ciência. Afinal, trabalhadores/as merecem ser reconhecidos e pagos pelo trabalho que prestam. Necessitam de seus salários para sobreviverem.