O ministro Henrique Meirelles (PSD-GO) compareceu em um culto da igreja evangélica Sara Nossa Terra, na sexta-feira (5), na periferia de Brasília. A igreja tem como líder o bispo Robson Rodovalho e teve como adepto por 20 anos o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O ministro da Fazenda de Temer foi apresentado pelo empresário Flávio Rocha, das lojas Riachuelo, como responsável pelo “maravilhoso milagre da economia brasileira”. “O Brasil está pedindo um liberal de cabo a rabo”, defensor do “Estado mínimo” na economia e valores conservadores. “Estado mínimo” que, como se sabe, dá o controle do país aos monopólios, sobretudo externos, e que já levou a economia à bancarrota.
Meirelles, que foi presidente do Banco Central no governo Lula, se dirigiu aos fiéis defendendo aprovação da lei de escravidão trabalhista e o assalto à Previdência pelos bancos, para que “a família, que é o núcleo de toda a sociedade, possa estar mais saudável”. E afirmou que foi graças ao seu trabalho à frente da Fazenda que “saímos da maior crise da história do Brasil”.
Ele já havia participado, em julho do ano passado, da Convenção Geral das Assembleias de Deus. Igreja, aliás, para a qual Cunha migrou.
No ano passado, também participou da comemoração dos 106 anos da primeira Assembleia de Deus, em Belém, e comemorou os 85 anos do bispo Manoel Ferreira, da Assembleia de Deus Madureira, em Brasília. Em setembro, gravou um vídeo em que pedia orações pela economia. E assim Meirelles vai pregando sua política econômica e plantando sua candidatura presidencial, representando a base do governo Temer, que tem zero por cento de aprovação. Talvez a razão de que só em abril vai decidir se vai ser candidato. Atualmente, tem apenas 2% das intenções de voto, de acordo com pesquisas.
De acordo com o ex-procurador Geral da República Rodrigo Janot, Cunha usou a Assembléia de Deus para receber parte da propina de US$ 5 milhões por ter viabilizado contratos para construção de dois navios-sonda da Petrobrás.
Segundo a denúncia de Janot contra Cunha, o lobista e delator da Lava Jato Júlio Camargo foi procurado em 2012 por Fernando Soares, que operava a propina para o PMDB, e lhe indicou que ele “deveria realizar o pagamento desses valores à Igreja Evangélica Assembleia de Deus”.