
O candidato denunciou que no atual governo o salário não teve nenhum aumento real. Lula lembrou, ainda, que pela LDO de Bolsonaro o auxílio de R$ 600 só vai até dezembro
O ex-presidente Lula participou na noite desta terça-feira (25) de uma conversa animada com diversos brasileiros de diferentes regiões, gerações e formações. Ele respondeu sobre diversas questões. O líder nas pesquisas garantiu que o salário mínimo voltará a ter aumentos reais, como ocorreu em seu governo.
“O salário mínimo vai voltar a ter o poder de compra que ele teve quando foi criado em 1943”, garantiu o ex-presidente. Lula criticou o fato do salário ter ficado durante os quatro anos do governo Bolsonaro sem aumento real. Ele falou também sobre o auxílio emergencial. Garantiu a sua continuidade e denunciou que o atual governo, apesar de dizer que o auxílio vai continuar, não assegurou os recursos necessários para isso no orçamento do ano que vem.
Lula destacou que o programa de transferência de renda no seu governo não era somente uma entrega de dinheiro. Os beneficiados tinham obrigações. Os filhos tinham que frequentar a escola, tinham que se vacinar, a mãe, quando engravidasse, tinha que fazer o pré-natal, etc. Ou seja, para Lula, “o programa deve fazer parte de políticas públicas em benefício da população”.
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Ao falar da violência contra as mulheres, Lula disse que foi em seu governo que foi criada a Lei Maria da Penha. Ele contou que conheceu Maria da Penha. “Ela sofreu duas tentativas de feminicídio e demorou muito tempo, cerca de 14 anos, para conseguir uma punição ao agressor”, disse. O ex-presidente defendeu a ampliação das delegacias especializadas e de abrigos para receberem as mulheres que forem vítimas de agressões.
Aproveitando uma pergunta sobre as igrejas, Lula afirmou que o Brasil vive um período em que as mentiras são espalhadas amplamente pelo próprio presidente da República. “Ele mente oito vezes por dia e espalhou que eu vou fechar igrejas”, afirmou Lula. “Foi no meu governo que a lei de liberdade religiosa foi criada. Foi também no meu governo que foi criada a Marcha para Jesus. Então, “isso é mais uma fake news deste governo”, acrescentou.
Ele respondeu também sobre o racismo e a política de cotas nas universidades. Lula disse que o racismo é uma doença. Ele lembrou o que aconteceu com o cantor Seu Jorge em Porto Alegre e com o jovem de São Paulo que não pode entrar no elevador junto com uma mulher racista. Isso tem que acabar, defendeu.
Lula disse que a política de cotas nas universidades vai voltar mais forte ainda porque, segundo ele, ela deu certo e abriu as portas das universidades para os negros. Lula afirmou também que vai voltar com força também com o ProUni e o Fies. Ele observou que o Brasil tem um número pequeno de jovens nas universidades proporcionalmente em comparação com outros países. Lembrou que criou 19 Universidades Federais, 178 campi e 442 Institutos Federais.
“Se tem uma coisa que é um compromisso de honra, uma profissão de fé, é a gente continuar investindo muito na educação e também nas cotas. Nós vamos fazer mais Prouni, mais FIES”, disse, lembrando que nos tempos dos governos petistas, o número de estudantes no ensino superior passou de 3,5 milhões para R$ 8 milhões. “Colocamos cinco milhões e nós precisamos colocar muitas vezes mais cinco milhões para a gente pagar a dívida que o Brasil tem com a sua juventude e com o seu povo na área de educação”.

Lula deu destaque para o ensino em tempo integral. “Os alunos terão o tempo para estudos e para outras atividades de cultura, de esporte, etc”, defendeu. “Isso será bom não só para melhorar a qualidade do ensino como para dar tranquilidade aos pais”, acrescentou. “Para isso, as escolas terão que ser modificadas, uma nova arquitetura e não esses prédios que existem hoje”, prosseguiu. Lula defendeu que o governo federal terá que ajudar os governadores e prefeitos. Hoje, o governo não ajuda nem com a merenda. “Já faz quatro anos que o governo não reajusta o valor da merenda e paga 36 centavos”, denunciou.
Ao falar de segurança pública, Lula defendeu a criação do Ministério da Segurança Pública para coordenar a ação junto com os estados. “Vamos defender as nossas fronteiras, combater o tráfico de armas”, disse Lula lembrou que, atualmente, o crime organizado compra armas dentro do país com a maior facilidade depois dos decretos de Bolsonaro. “Uma coisa é uma pessoa que mora no meio do mato ter uma arma, outra é distribuir armas para todo mundo. Veja o que acontece nos EUA”, disse o ex-presidente.
Lula disse que o Brasil está vivendo uma anomalia e que o segundo turno da eleição de 2022 representa a escolha entre reestabelecer a civilidade ou continuar com a barbárie. Lula também prometeu, caso vença as eleições, publicar um decreto para acabar com a facilidade de comprar armas. “O que está acontecendo no Brasil é a barbárie. Eu só quero que o povo brasileiro entenda: não é uma eleição simples a que vai ter no dia 30 de outubro. As pessoas ou votam para a gente reestabelecer a democracia ou as pessoas votam para permanecer vendo a barbárie que está acontecendo”, completou.
“O que está em jogo é se a gente quer ver um menino na televisão lendo um livro ou ele com uma metralhadora na mão. Porque, no frigir dos ovos, seremos nós os responsáveis pelo que vai acontecer nesse país”, afirmou nesta terça-feira (25), durante conversa com representantes da sociedade civil, numa transmissão ao vivo intitulada Brasil do Futuro.
“Apologia da arma não leva ninguém a lugar algum. A arma não educa, a arma mata. E é isso que a gente está vendo na televisão, essa grosseria. Nós vamos criar o Ministério da Segurança Pública para trabalhar junto com os governos estaduais, cuidar das fronteiras”, sentenciou.
“O que o Bolsonaro fala todo dia, de ofensa pessoal, ele tem por hábito ofender com palavras que eu não gosto nem de falar, e o Roberto Jefferson disse algumas bobagens sobre uma ministra que eu jamais ousaria dizer 1% do que ele disse. Ele ofendeu Carmen Lucia de tudo quanto é nome e hoje voltou a xingar durante depoimento. Falta de respeito total”, declarou.
Ele comentou sobre os fatos envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson, aliado de Bolsonaro. “Aquilo não tem nada a ver com segurança pública”, disse. “Aquilo foi uma afronta às instituições e uma ameaça à democracia”, acrescentou. “Eu faço política há 50 anos e nunca vi nada parecido. Uma falta de respeito total. Uma pessoa com um arsenal daquele e que defende a violência. Isso não é possível”, apontou Lula.
Lula falou também das iniciativas das pessoas. “A questão do empreendedorismo é uma coisa que vai ajudar a salvar esse país. Precisamos ter linha de crédito para incentivar que o povo com sua criatividade possa sobreviver economicamente. Esse é papel dos bancos públicos e é isso que vamos fazer”, disse, destacando também o compromisso com a criação e cooperativas de diferentes segmentos.
O ex-presidente destacou, ainda, a importância de discutir proteção social para os trabalhadores que estão na atividade informal, como os motoristas de aplicativo, e defendeu que o governo se junte com universidades, empresários e trabalhadores para discutir a economia criativa.