Jornalista do The Guardian escreveu que o chefe do Executivo brasileiro é “insensível, superficial e grosseiro”. E acrescentou: “que vergonhoso representante do Brasil”
Com o pastor Silas Malafaia a tiracolo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) viajou para Londres para participar do funeral de Estado da rainha britânica Elizabeth 2ª.
Lá, ele fez um discurso em tom de campanha e mencionou vitória em primeiro turno, embora apareça bem atrás — em todas as pesquisas de intenção de voto —, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Aproveitando-se da presença de Bolsonaro, grupo de manifestantes fez, neste domingo (17), protesto contra o chefe do Executivo brasileiro. Parentes e amigos do jornalista britânico Dom Phillips, que foi assassinado em junho no Vale do Javari, no Amazonas, participavam do ato.
“Não tem como a gente não ganhar no primeiro turno”, disse na manhã deste domingo (18) o presidente em campanha em Londres, na sacada da residência oficial do embaixador brasileiro em Mayfair, Londres.
O presidente iniciou sua manifestação referindo-se ao momento de pesar e falando em “profundo respeito pela família da rainha e pelo povo do Reino Unido”. Disse que esse era o “objetivo principal”, mas falou nos cerca de quatro minutos restantes sobre contexto político no Brasil e sobre sua suposta plataforma de campanha contrária à descriminalização do aborto e do consumo de drogas, por exemplo. Nenhuma palavra sobre a crise econômica, a fome, o desemprego ou a carestia que atormentam a população brasileira.
PATRIOTISMO DE ARAQUE
“A nossa bandeira sempre será dessas cores que temos aqui, verde e amarela”, afirmou, ao lado de bandeira do Brasil a meio mastro. A frase fazia referência à expressão popular entre os apoiadores, de que a bandeira brasileira “jamais será vermelha” — cor associada à esquerda, em particular ao PT.
Bolsonaro chegou acompanhado do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e do padre Paulo Antônio de Araújo. A comitiva presidencial incluiu ainda o filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro e membro da campanha presidencial à reeleição. Tudo às expensas do Erário brasileiro.
Questionados sobre Bolsonaro falar em campanha eleitoral em meio às cerimônias fúnebres da rainha, Wajngarten argumentou que o presidente se pronunciou sobre o funeral. Malafaia, por outro lado, disse que não dá para “fingir que não está tendo um processo eleitoral no Brasil”.
Todavia, objetivamente, cabe questionar, o que faz Bolsonaro, em Londres, com recursos públicos, com essa trupe?
O discurso de Bolsonaro foi acompanhado por um grupo de 100 a 200 pessoas, segundo a polícia londrina.
HOSTILIDADES À JORNALISTAS
Após o discurso, parte dos apoiadores do presidente hostilizaram jornalistas brasileiros que estavam no local, entre eles a equipe da BBC News Brasil.
Houve xingamentos, gritos e acusações de parcialidade.
Em seguida, policiais londrinos passaram a escoltar os jornalistas nas proximidades da casa do embaixador brasileiro em Londres.
MAIS PROTESTOS
Quase 2 horas depois, grupo de manifestantes fez protesto contra Bolsonaro. Os cartazes em inglês traziam dizeres como “Parem Bolsonaro pelo futuro do planeta” e “Bolsonaro é uma ameaça ao planeta e à humanidade”. Também havia uma inscrição chamando-o de ‘ecocriminoso’.
Os ativistas começaram a ser hostilizados pelos apoiadores do presidente e, por isso, a polícia londrina precisou separá-los para evitar escalada na violência.
No Twitter, o jornalista britânico e editor de meio ambiente do jornal The Guardian, Jonathan Watts, disse: “O insensível, superficial e grosseiro Bolsonaro está tentando usar o funeral da rainha como uma parada de campanha eleitoral. Que vergonhoso representante do Brasil.”
O comentário de Watts foi feito em resposta à postagem do correspondente do jornal The Guardian no Brasil, Tom Phillips, que escreveu: “Bolsonaro decidiu marcar o funeral da rainha com discurso sobre gênero, ideologia, abortos e males do comunismo de sua sacada em Mayfair.”
Em reação, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que integra a comitiva do presidente, atacou o jornalista britânico e escreveu que ele omitiu que Bolsonaro mencionou a rainha no início do discurso.
E afirmou: “vocês se enterram sozinhos, sem credibilidade”.
M. V.
Esse presidente BOZZO BANANÃO, acompanhado com esse pastor de araque, SILAS LACRAIA é uma vergonha para o Brasil.