Encontro está marcado para quarta-feira (20). Zelensky deve insistir no apoio do Brasil à Ucrânia/Otan e Lula deve manter-se na posição de buscar uma saída negociada para o conflito
O presidente Lula (PT) e o ucraniano Volodymyr Zelensky vão se encontrar pessoalmente pela primeira vez na tarde de quarta-feira (20) em Nova York, por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Pelo lado do Brasil, o encontro faz parte dos esforços de Lula na busca de um saída negociada para conflito. Já Zelensky, por outro lado, segue pressionando para que o Brasil se afaste desta posição de equilíbrio e se envolva no conflito ao lado da Otan e da Ucrânia.
No domingo (17), o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que integra a comitiva de Lula nos Estados Unidos, confirmou que havia a intenção das duas partes de se promover o encontro e que o governo brasileiro disponibilizaria espaço na agenda de Lula para o encontro. De fato, isso foi feito e, nesta segunda-feira (18), foram confirmadas tanto a oferta de Lula quanto o ‘sim’ de Zelensky para o encontro na quarta-feira à tarde.
O local para o encontro é o hotel em que Lula está hospedado em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU. O presidente brasileiro tem defendido que um grupo de países, incluindo o Brasil, lidere uma saída negociada para o fim da guerra. Lula afirma, no entanto, que não planeja visitar a Rússia e a Ucrânia enquanto não houver um cessar-fogo.
Em maio, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, foi enviado a Kiev, capital da Ucrânia, para participar de uma reunião com Zelensky. Na ocasião, o representante ucraniano tentou convencer o governo brasileiro a aderir ao plano de paz elaborado por Kiev, em associação com os países da Otan e sem o concurso da Rússia. O Brasil espera convencer o governo ucraniano de que a paz só será possível quando as negociações levarem em conta os dois lados do conflito.
Zelensky vai insistir que Lula aceite seu plano de paz como base para uma negociação. Pedirá também que o Brasil organize uma reunião entre Kiev e a América Latina para que o país coloque pressão sobre Moscou. Já Lula vai insistir que qualquer plano unilateral de paz não tem como prosperar. Na opinião de Lula, que insiste na busca da paz, as negociações só avançarão se incluir as preocupações russas de segurança.
Será a primeira reunião a sós entre Lula e Zelensky. Em maio, o ucraniano tentou se encontrar com Lula durante a cúpula do G7 no Japão, mas o governo brasileiro teve problemas de agenda que impediram o encontro. Os dois conversaram por telefone em março. O embaixador Celso Amorim foi um dos poucos interlocutores que esteve com Zelensky, na capital ucraniana, e também com Vladimir Putin, no Kremlin.