Em meio aos recordes de queimadas, Ibama só gastou 37% da verba para prevenção de incêndios

Em 4 de setembro foram registrados 3393 focos de calor na Amazônia - Foto: Reprodução/Twitter

Somente 37% do orçamento autorizado para prevenção e controle de incêndios florestais em 2022 foi executado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama). Os dados são de um levantamento do Observatório do Clima, extraídos do Painel do Orçamento Federal (OC).

Ainda de acordo com o OC, o Ibama havia liquidado até o dia 5 de setembro, R$ 19,48 milhões dos R$ 52,75 milhões autorizados para prevenção e controle de incêndios florestais.

“A execução lenta dos valores autorizados neste ano evidencia a falta de atenção com a prevenção”, afirma Suely Araújo, especialista em políticas públicas do Observatório do Clima.

“O Ibama deveria ter atuado com força antes da época da seca para evitar o que está ocorrendo na Amazônia. Já a redução dos valores previstos para prevenção e controle em 2023 é criminosa. O Congresso Nacional tem o dever de ajustar isso no trâmite da proposta orçamentária”.

O OC observa ainda que essa baixa execução coincide com o maior número de queimadas para um mês de agosto em 11 anos na Amazônia junto com uma alta de 41% da área queimada no bioma de janeiro a julho em relação ao mesmo período do ano passado.

Em apenas sete dias de setembro deste ano, o número de queimadas na Amazônia já superou a quantidade de focos de incêndio de todo o mês de setembro de 2021.

Em nota, o Ibama declarou que “até o dia 6 de setembro, foi empenhado 83% do orçamento total para prevenção e combate aos incêndios florestais no país. Vale destacar que empenho é o compromisso de pagamento utilizado na administração pública e a liquidação somente ocorre conforme os contratos e serviços são executados/finalizados”.

A fumaça gerada por queimadas em parte do Amazonas,  Acre e Mato Grosso no mês de setembro, se espalhou sobre o Brasil, chegando também em grande parte do Centro-Oeste, no Paraná, Santa Catarina e até na cidade de São Paulo.
No dia 9 de setembro, a capital paulista amanheceu com o céu coberto por um nevoeiro cinza. Moradores de diversos bairros relataram nas redes sociais sentir um cheiro de queimado em bairros da Zona Sul, Norte e Leste.

“Dá para você um pouco de efeito da fumaça da Amazônia, principalmente em áreas de São Paulo que estiverem com o horizonte mais amarelado. Esse amarelado identifica, sim, a presença de fumaça de queimadas da Amazônia”, disse Cesar Souto, meteorologista da Climatempo.

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