Ao se despedir da condução do Senado e do Congresso, o presidente da Casa ressaltou como legado a defesa da democracia, frequentemente atacada pelo bolsonarismo
Ao se despedir do cargo, na manhã deste sábado (1º), o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), conversou com jornalistas e citou a defesa da democracia como legado dos 4 anos em que esteve à frente da Casa.
A declaração foi feita pouco antes de Pacheco se dirigir ao plenário para participar da sessão preparatória para escolher o próximo presidente do Senado, que se segue imediatamente.
“O que mais deve nos orgulhar, sem dúvida alguma, é a defesa que o Senado fez da democracia no Brasil”, enfatizou Pacheco.
‘LEGADO’
“A defesa da democracia foi uma tônica que fez com que o Senado se unisse num momento de negacionismo, de ataques antidemocráticos, de negação à obviedade de que a democracia deve ser garantida no País. Eu considero que esse é um legado de todos esses senadores, da mesa diretora anterior e atual”, argumentou.
Pacheco destacou ainda o papel da imprensa durante o período em que esteve à frente do Senado — que incluiu parte da pandemia de covid-19 —, além das eleições presidenciais de 2022. Momentos que, segundo ele, exigem boa informação e a apuração da verdade sobre os fatos.
“Em tempos de fake news, em tempos de descompromisso de veiculação da informação pelas redes sociais, nunca foi tão importante uma imprensa livre e profissional, cujo trabalho deve ser garantido por todas as instituições.”
LULA E BARROSO
“Quero também fazer um agradecimento aos outros poderes, ao Poder Executivo, na pessoa do senhor presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e todos os ministros, e também ao Poder Judiciário, na figura do seu chefe, ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal”, pontificou.
“A todas as instituições que colaboraram conosco nesses 4 anos, que foram muito marcantes, muito difíceis até, em alguns aspectos, mas conseguimos fazer importantes realizações ao longo desses anos”, finalizou.
MINISTÉRIO
Pacheco deixa como saldo relação próxima a Lula e sai do cargo cotado para assumir cargo na Esplanada dos Ministérios nos próximos meses.
Nos últimos meses, Pacheco se aproximou de Lula. Ele chegou a viajar com o presidente para a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e também embarcou com o presidente ao Oriente Médio para a COP 28.
O senador assumiu a presidência da Casa pela primeira vez em 2021, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e foi reconduzido ao cargo em 2023. Ambos os mandatos foram impulsionados pelo aliado Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para sucedê-lo à frente do cargo neste ano.
JUDICIÁRIO
Além da aproximação com o Executivo no governo petista, a relação de Pacheco com o Judiciário também foi ponto de destaque ao longo da gestão que ora se encerra.
O presidente do Senado foi pressionado pela oposição bolsonarista para pautar pedidos de impeachment contra ministros da Suprema Corte, mas afirmou publicamente que a mobilização se tratava de “lacração e engajamento de redes sociais pautado no desequilíbrio”.
Na última quinta-feira (30), Lula disse querer que “Pacheco seja governador de Minas Gerais”.