“O governo brasileiro reitera o firme repúdio a toda e qualquer ação militar contra alvos civis, sobretudo aqueles ligados à prestação de ajuda humanitária e de assistência médica”, diz a nota do Itamaraty
O Itamaraty manifestou, em nota divulgada nesta quinta-feira (4), a “profunda consternação” do Brasil com o ataque de Israel ao comboio de voluntários que levavam alimentos para a população de Gaza e que matou sete integrantes do grupo na segunda-feira (1). “O governo brasileiro reitera o firme repúdio a toda e qualquer ação militar contra alvos civis, sobretudo aqueles ligados à prestação de ajuda humanitária e de assistência médica”, diz a nota.
A nota da diplomacia prossegue dizendo que “o governo brasileiro deplora também as mortes de civis e trabalhadores de saúde palestinos e os danos causados por ação militar das últimas semanas, que resultou na destruição do hospital Al-Shifa, em contexto no qual a assistência médica à população de Gaza é fundamental”.
Os voluntários assassinados, originários de diversos países do mundo, vestiam coletes com a devida identificação de sua condição. Além disso, o teto dos veículos tinha o logotipo e o nome da ONG, World Central Kitchen impressos. Estes dados comprovam que o ataque foi intencional e visou sinalizar que Israel quer matar os palestinos não só com bombas, mas também de fome e sede.
O criminoso ataque de Israel, matando os voluntários internacionais que ajudavam a população faminta, confirma que o chefe do regime de Israel, o ditador Benjamim Netanyahu, está praticando uma guerra de extermínio em Gaza e que seu objetivo é realizar uma limpeza étnica.
Depois de expulsar mais de 1,5 milhão de palestinos de suas casas no norte, ele não aceita a presença de nenhum palestino nesta região da Faixa de Gaza. Seu objetivo central não é combater o Hamas, como alega, mas sim acabar com a população local e ocupar mais territórios palestinos.
A equipe voltava do norte de Gaza, onde havia entregado um carregamento de alimentos levados a Gaza por um barco na semana anterior, quando foi atingida por um bombardeio. Após o ataque, a ONG e várias outras organizações que atuam em Gaza suspenderam as entregas de ajuda humanitária. Desde o ataque, nenhum alimento chegou ao norte da Faixa de Gaza, de acordo com o correspondente da rede britânica BBC na região, onde um quarto da população está passando fome, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
O bombardeio covarde gerou indignação em todo o mundo. Diversas autoridades protestaram e Netanyahu não conseguiu produzir versões de que não tinha nada com isso. Ele foi obrigado a admitir que o bombardeio havia partido das forças de Israel. Admitiu, mas debochou das vítimas dizendo que isso são coisas que “acontecem em guerras”.
O comportamento gerou mais críticas de líderes mundiais e aumentou as pressões sobre Netanyahu por um cessar-fogo. No comunicado desta quinta, o Itamaraty também pede que o governo israelense cumpra a resolução que o Conselho de Segurança da ONU aprovou na semana passada, na qual exige uma pausa nos bombardeios.
“O governo brasileiro reitera a importância do cumprimento da demanda de um cessar-fogo imediato contida na resolução 2728 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 25 de março”, diz a nota do Itamaraty.
Em fevereiro, Lula também criticou as ações de Israel em Gaza e as comparou com o extermínio de judeus na Segunda Guerra. Tel Aviv reagiu de forma arrogante à fala e humilhou o embaixador brasileiro e Tel Aviv. O Brasil reagiu chamando o embaixador de volta e cobrando explicações da diplomacia do país do Oriente Médio.