Segundo o Dieese, custo da cesta de alimentos ultrapassa auxílio de 400 reais prometido por Bolsonaro. Valor médio do Auxílio Brasil estava em R$ 224 por família no mês
Em meio à situação de grave pobreza e desemprego, o preço da cesta básica de alimentos voltou a subir em novembro, beirando os 700 reais em algumas capitais do país.
De acordo com a pesquisa mensal realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), houve aumento nos preços da cesta de produtos básicos em 9 das 17 capitais pesquisadas, com destaque para as cidades do Norte e Nordeste do país – como Recife (8,13%), Salvador (3,76%), João Pessoa (3,62%), Natal (3,25%), Fortaleza (2,91%), Belém (2,27%) e Aracajú (1,96%). Além disso, a cesta ficou mais cara em Florianópolis (1,40%) e Goiânia (1,33%).
Segundo o Ministério da Cidadania, do total de 14,5 milhões de famílias contempladas no Auxílio Brasil em novembro, 61% são das regiões Norte e Nordeste. O valor médio estava em R$ 224 por família. Muito aquém do custo da cesta básica de alimentos, por exemplo, da mais barata, no valor de R$ 473,26 apurado pelo Dieese em Aracaju (SE), sem contar os gastos com energia elétrica, condução e o gás de cozinha, por exemplo.
O valor prometido por Bolsonaro, de R$ 400, auxílio provisório durante o ano eleitoral, está abaixo do custo de uma cesta básica também nas capitais Salvador (R$ 505,94), João Pessoa (R$ 508,91), Natal (R$ 521,08), Recife (R$ 524,73), Belém (550,64) e Fortaleza (R$ 580,36).
Em relação a novembro de 2020, a cesta básica subiu em todas as capitais, com os maiores percentuais em Curitiba (16,75%), Florianópolis (15,16%), Natal (14,41%), Recife (13,34%) e Belém (13,18%).
Com salários incompatíveis com a situação de carestia, os que ainda mantêm seus empregos, ou se viram como podem em ocupações informais, são obrigados a pagar absurdos R$ 710,53 pela cesta básica em Florianópolis, capital onde o Dieese observou o preço médio mais alto em novembro. Em São Paulo, a alimentação básica em casa custava R$ 692,27 mês passado, em Porto Alegre R$ 685,32, em Vitória R$ 668,17 e Rio de Janeiro R$ 665,60.
Além dos alimentos, a inflação generalizada – para os aluguéis, gás de cozinha, energia elétrica e combustíveis – tem empobrecido cada vez mais a população. O Dieese estima que o salário mínimo necessário para manter uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças no país deveria ser R$ 5.969,17, o que corresponde a 5,42 vezes o piso nacional vigente. Em outubro, o valor deveria ter sido de R$ 5.886,50.