
O banco Bradesco divulgou nesta segunda-feira (7) que pagará aos acionistas dividendos extraordinários no valor de R$ 8 bilhões. Enquanto isso, as projeções do mercado apontam queda de -0,65% para o crescimento da produção da industrial brasileira este ano, segundo o boletim Focus do Banco Central (BC), também no dia 7.
De acordo com o Bradesco, a diretoria do banco aprovou o pagamento do valor de R$ 8 bilhões para os acionistas com base na conta de reservas de lucros existentes. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo conselho de administração da instituição, que se reunirá no próximo dia 17. Se aprovado, o pagamento ocorrerá no dia 23.
“Os dividendos extraordinários serão pagos adicionalmente aos juros sobre o capital próprio mensais, intermediários e complementares a ser declarados no final do exercício; e o montante a ser pago corresponde a, aproximadamente, 65 vezes o valor dos juros sobre o capital próprio mensalmente pagos”, disse o Bradesco através de nota.
No segundo semestre deste ano, o lucro líquido do Bradesco cresceu 25,2%, atingindo a cifra de R$ 6,462 bilhões no período de abril a junho.
Ao mesmo tempo em que o cenário econômico do país vai de mal a pior, o Bradesco e outros bancos não param de ampliar seus ganhos, que são gerados através da especulação dos juros da dívida pública brasileira e pela cobrança de juros altos às empresas. Em especial, às pessoas físicas, que frente ao arrocho salarial e o desemprego, acabam recorrendo a empréstimos, cheque especial, cartão de crédito e outras operações financeiras que possam ajudar no pagamento de suas contas e outras despesas do mês.
Segundo dados do Banco Central (BC), a taxa de juros cobrada pelo Bradesco para a pessoa física no cartão de crédito rotativo regular (pagamento, em dia, de valor maior ou igual ao mínimo) é de 355,17% ao ano. No cheque especial, a taxa de juros cobrada é de 296,90% ao ano.
Os três maiores bancos privados operando no Brasil (Itaú, Bradesco e Santander) lucraram juntos R$ 17,131 bilhões no segundo trimestre do ano. Isso representa um aumento de 17,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando atingiu R$ 14,568 bilhões. Ganhos esses alcançados diante de uma economia brasileira fragilizada pela queda do investimento público e privada, pela taxa de juros básica (selic) que continua ainda uma das maiores do mundo, pela queda do consumo e pelo aumento do endividamento das famílias, além do rebaixamento salarial e de milhões de pessoas que estão busca de emprego.
Projeções do Banco Central (BC) apontam que a economia brasileira deve crescer 0,9% este ano.
Outros indicadores econômicos divulgados recentemente pelo IBGE, demonstram que a indústria brasileira – setor que é de extrema importância para o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB) – recuou sua produção em -1,7% no acumulado de 2019 (janeiro-agosto), na comparação com mesmo período do ano passado, e apresentou queda de -2,4% em agosto deste ano, frente a agosto de 2018.
Já o faturamento real da indústria a nível nacional (deduzido o efeito da inflação) regrediu -5,7% em agosto deste ano, em relação a agosto de 2018, segundo dados divulgados no início deste mês (1) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No acumulado do ano, o faturamento ficou negativo em -1,9% em relação o mesmo período do ano passado.
ANTONIO ROSA