Apesar da grave crise no sistema prisional, com três rebeliões em cinco dias, nove detentos mortos, 14 feridos e mais de 200 fugas, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), decidiu tirar folga e deixar o estado em meio ao caos. O tucano alegou que descanso é “direito de todo trabalhador” para justificar o “relax” com a família.
“Eu tirei apenas três dias de descanso com minha família depois de um ano intenso de trabalho. […] Todas as forças de segurança fizeram contato comigo rigorosamente várias vezes por dia, inclusive nas madrugadas. Não foram férias, férias são trinta dias, eu tirei apenas um descanso. É um direito assegurado a todo trabalhador e eu sou um trabalhador como qualquer outro”, afirmou.
Durante entrevista na segunda-feira (8), a primeira agenda do governador desde o dia 2 de janeiro, um dia após o primeiro motim, Perillo disse que sua ausência não comprometeu o enfrentamento da crise, pois acompanhou tudo de maneira remota.
Segundo a assessoria, o governador tirou a folga entre a última quinta (4) e sábado (6). Nesse período, ocorreu o segundo motim na Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto e o terceiro da semana, na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (POG). Os assessores tentaram esconder qual o paradeiro do tucano, mas ele foi flagrado em clima de recesso em uma praia de Pernambuco.
O governador considerou uma coisa natural sua ausência durante a crise. “É muita hipocrisia achar que um governante precisa estar presente para resolver as coisas. Hoje, com as tecnologias, é possível resolver as coisas de forma digital, pela internet e eu fiz isso”, alegou.
Nas três rebeliões mais de 200 presos fugiram. No total, 88 continuam foragidos. Após os motins, Perillo chegou a dizer que havia solicitado uma reunião “imediata” com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, para discutir a crise no sistema prisional.
Ela viajou a Goiás na segunda (8) e deveria visitar os presídios em que ocorreram as rebeliões, mas o compromisso foi cancelado por “questões de segurança”. A afirmação de Perillo de que a ministra teria absoluta segurança para fazer a visita foi recebida como uma espécie de “bravata” pelo STF.