O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (16), manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. A decisão se deu em meio à recessão, com a “prévia” do PIB (IBC-Br) tendo resultados negativos em março (-0,74%) e no primeiro trimestre (-0,13%).
Descontando a inflação de 2,76% dos últimos 12 meses, a taxa real de juros fica em 3,6% ao ano, a quarta maior do mundo. A média geral é de 0,37%.
Manter alta a taxa básica de juros é uma irracionalidade, pois ela é apenas um referencial e vai criar um efeito cascata com a elevação dos juros cobrados pelos bancos, que já estão na estratosfera. Os dados mais recentes são de março. A taxa média do cheque especial era de 324,7% ao ano e a do cartão de crédito rotativo, de 334,5% ao ano.
Além disso, o atual patamar das taxas de juros já espreme o setor produtivo. Resultado: a economia vai continuar patinando e o desemprego subindo.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a inflação baixa e o ritmo muito lento da atividade econômica permitiriam um novo corte na taxa Selic. A entidade destacou que “os custos elevados dos empréstimos desestimulam os investimentos das empresas e o consumo das famílias, comprometendo a recuperação da economia”.
A alta dos juros reflete, também, na desvalorização do real ante ao dólar, aumentando as importações e encarecendo os produtos feitos no Brasil. Nesta quarta-feira, o dólar fechou em alta, com a cotação de R$ 3,679, o maior valor desde abril de 2016. Além disso, a atuação do BC para manter o dólar em uma cotação maior, para segurar a moeda americana, é manter o câmbio brasileiro atrelado à política ditada pelo FED, o BC dos Estados Unidos.
Enfim, é abrir mão de ditar a nossa própria política monetária.
VALDO ALBUQUERQUE