Em primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do governo Bolsonaro, um erro nos gabaritos pode prejudicar a nota de até 39 mil participantes. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, admitiu que notas do Enem foram divulgadas com erros, em vídeo divulgado neste sábado (18).
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) liberou na sexta-feira (17) os resultados individuais da última edição do exame. À noite, participantes começaram a relatar nas redes sociais estranhamento com as notas.
Todos os candidatos respondem às mesmas questões na prova, porém estas estão dispostas em em ordem diversa, com cada versão identificada por cores. Assim, o candidato fez a prova de uma cor, mas o sistema a corrigiu como se ele tivesse feito de outra.
Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã em Brasília, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, explicou que o erro foi provocado pela gráfica responsável pela impressão da prova e que o erro pode atingir cerca de 1% dos participantes.
“Nós encontramos até o momento quatro inconsistências de notas. Nós vamos corrigir e continuaremos durante todo o final de semana rodando nossa base de dados para identificar outros possíveis casos de inconsistências”, afirmou
Inicialmente, Weintraub afirmou no vídeo que o problema afeta um número muito pequeno de estudantes. O vídeo foi gravado antes do presidente do INEP dizer que seria até 1%.
“Houve inconsistência no gabarito de algumas provas do Enem 2019 e, por isso, candidatos foram surpreendidos com os resultados de suas notas. O número é muito baixo. Até segunda-feira, dia 20, tudo será resolvido. Pedimos desculpas aos participantes do exame pelo transtorno”, escreveu Weintraub na publicação do vídeo.
No vídeo disse que “estamos falando de alguma coisa como 0,1% das pessoas que fizeram, dos milhões [que prestaram a prova]”.
O que parece ser consenso entre os dois é que o Ministério não sabe quantos estudantes podem ser prejudicados, com uma verdadeira dimensão apenas na segunda feira (20), pois as equipes vão continuar a análise dos arquivos em busca de problemas.
O Ministro bolsonarista não participou da entrevista e deixou para o presidente do Inep explicar o caso sozinho, apesar de Weintraub ter ido no instituto pela manhã deste sábado para gravar o vídeo publicado.
No início de 2019, a gráfica que imprimia as provas do Enem, desde 2009, faliu. O governo Bolsonaro ao invés de realizar uma nova licitação, decidiu convocar a segunda colocada no processo anterior, a gráfica Valid. Mesmo sem experiência com processos deste porte, a Valid foi para o serviço.
Segundo matéria da Folha de São Paulo, funcionários do Enem relataram ao longo do ano os riscos de problemas com a gráfica, que foram minimizados pelo governo. O processo para impressão foi corrido, exatamente pela falta de experiência da Valid com esse tipo de trabalho.
Além disso, a gráfica sequer tinha infraestrutura adequada para armazenar e manusear os malotes que seriam despachados.
Weintraub comemorou em diversas vezes que a edição Bolsonarista do Exame havia sido a melhor de todos os tempos por falhas não terem sido registradas. Porém, logo no início da prova, fotos dos cadernos foram divulgadas na internet.
Apesar dos problemas, o presidente do INEP afirmou que as inscrições para o Sistema de Seleção Unificado (SISU) continuará com o calendário normal. Às inscrições começam na terça (21) e terminam na sexta feira (24).