
Em sua prestação de contas no Estado de Michoacán, a presidente mexicana reiterou que “o salário mínimo – principal responsável pelos avanços – continuará aumentando no país e seu poder de compra saltará das atuais 1,7 cestas básicas para 2,5, bem diferente do período neoliberal”
“Este é o momento em que a porcentagem de pessoas vivendo na pobreza no país é a mais baixa da história do México, menos de 30%. Em seis anos, 13,5 milhões de mexicanos saíram da pobreza – um feito histórico. E isso é resultado da política de valorização do salário mínimo, que após décadas de arrocho neoliberal, teve um aumento significativo e hoje já compra 1,7 cestas básicas. Me comprometo a deixar o governo com o mínimo com poder de compra de 2,5 cestas básicas”, afirmou a presidente Claudia Sheinbaum, sob aplausos de milhares de pessoas que lotaram o Pavilhão Dom Vasco, em Morelia.
Em Michoacán, o décimo quinto estado que visitou como parte de sua viagem nacional de prestação de contas, a presidente comemorou a conquista no combate às desigualdades: “A riqueza foi distribuída. Deixamos de ser um dos países mais desiguais do mundo – ou seja, deixamos de ser um país onde as diferenças entre os mais pobres e os mais ricos eram as maiores do mundo – para nos tornarmos o país com a menor desigualdade do continente, perdendo apenas para o Canadá”.
“ESTAMOS PROGREDINDO”
Para se ter uma ideia do que isso representa, isso significa que em Michoacán, 1.294.953 pessoas recebem diretamente um dos Programas de Bem-Estar do Governo Mexicano, um movimento histórico por meio do qual o povo recupera sua dignidade. “Ainda há muito a ser feito, porque não queremos que nenhuma família viva na pobreza”, enfatizou.
Claudia detalhou que em Michoacán, 571.906 pessoas têm direito à Pensão para o Bem-Estar dos Idosos; 39.748 à Pensão para o Bem-Estar das Pessoas com Deficiência; 127.899 à Bolsa Benito Juárez; 27.731 à bolsa Jovens Construindo o Futuro; 13.846 à bolsa Jovens Escrevendo o Futuro; 129.728 crianças entre zero e quatro anos recebem apoio do Programa para o Bem-Estar de Meninas e Meninos de Mães Trabalhadoras; 79.865 pequenos produtores são beneficiários da Produção para o Bem-Estar; 75.891 aos Fertilizantes Gratuitos produzidos pela Petróleos Mexicanos (Pemex); 10.525 à bolsa Semeando a Vida; 267.103 mexicanos recebem Leite para o Bem-Estar; e 3.789 escolas de ensino fundamental e 306 escolas de ensino médio foram apoiadas pela Escola é Nossa. Mais do que números, esta é uma opção pela vida, apontou.
Ela lembrou que seu governo está implementando três novos programas: a Pensão de Bem-Estar da Mulher, que beneficiará 119.510 mulheres mexicanas entre 60 e 64 anos este ano; a Bolsa Universal Rita Cetina Gutiérrez; e o programa Saúde de Casa em Casa, por meio do qual 20.000 médicos, enfermeiros e enfermeiras visitarão as casas de idosos e pessoas com deficiência. Em Michoacán, o programa Moradia para o Bem-Estar construirá 73.000 casas rurais e urbanas por meio do Instituto do Fundo Nacional de Moradia dos Trabalhadores (Infonavit) e da Comissão Nacional de Moradia (Conavi). Enquanto isso, 130.238 pessoas receberão cancelamentos e congelamentos de empréstimos do Infonavit, bem como 4.322 do Fundo de Moradia do Instituto de Segurança e Serviços Sociais dos Trabalhadores do Estado.
COMBATE AO NEOLIBERALISMO
A presidente frisou que a Quarta Transformação – promessa de campanha de Obrador em 2018 – não é apenas uma mudança de governo, mas um projeto com valores e princípios de combate à desigualdade e desenvolvimento nacional. De forma firme, apontou que os pobres devem vir sempre em primeiro lugar e que “não pode haver um governo rico com pobres”. Recordou a contribuição de Benito Juárez García, indígena que chegou à presidência da República enaltecendo as palavras “Com o povo tudo, sem o povo nada”, sendo repetida pelo plenário.
Voltando a condenar o neoliberalismo, a dirigente lembrou que durante décadas a educação e os mestres foram completamente desvalorizados, por isso “zombavam dos professores, quando eles eram os melhores que o nosso país tinha”.
Em sua mensagem, Claudia enviou uma saudação especial às comunidades migrantes: “Um abraço forte e afetuoso, cheio de orgulho, dignidade e amor a todos os nossos irmãos e irmãs migrantes que trabalham nos Estados Unidos”. Ela acrescentou que seu governo continuará a apoiar aqueles que foram forçados a deixar o país em busca de melhores oportunidades.
A chefe do Executivo expressou sua gratidão pelo apoio público e ressaltou que continua sendo uma honra mencionar seu antecessor. “O presidente López Obrador nos ensinou que amor se paga com amor, e continuamos trabalhando com esse princípio”, reiterou Claudia.
A presidente recordou sua juventude em Cheranástico, uma comunidade indígena do estado de Michoacán, onde colaborava em projetos solidários enquanto estudava Física na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). “Graças ao povo purépecha, eu sou quem sou. Lá aprendi que a solidariedade dos povos indígenas não se encontra em nenhum outro lugar do mundo”, declarou.
Para o governador Alfredo Ramírez Bedolla, o México enfrenta “grandes desafios” em sua relação com os Estados Unidos, mas está confiante de que “avançaremos sob a liderança da presidente”.