A pandemia e a ausência de medidas econômicas que minimizassem os seus efeitos fizeram com que o país perdesse, de março a maio, 1 milhão 487 mil e 425 vagas de emprego formal. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia na segunda-feira (29).
Apenas no mês de maio, o saldo entre contratações e demissões foi negativo em 331.901 empregos com carteira assinada. O resultado é a diferença entre 703.921 admissões e 1.035.822 demissões – o pior resultado para o mês da série histórica, iniciada em 1992.
Em maio, a Indústria Geral encerrou 96.912 vagas; Comércio, -88.739; Serviços, -143.479; Construção: -18.758. Somente a Agropecuária contratou: +15.993 vagas.
Em abril, 902,8 mil trabalhadores formais perderam seus empregos, sendo este o pior mês sob os efeitos da pandemia e também o pior da história.
No acumulado do ano, o saldo de emprego formal ficou negativo em 1 milhão 144 mil vagas e 875 vagas, também o pior resultado já registrado.
Embora as medidas de isolamento social e fechamento dos serviços não essenciais necessárias para contenção do novo coronavírus tenham sido o principal fator para a queda no faturamento, fechamento de empresas e demissões em massa, a falta de medidas por parte do governo que pudessem amortecer a crise agravaram a situação.
Pequenas e médias empresas, responsáveis por 52% das contratações do setor privado e 27% do PIB do país, ficaram à mingua sem acesso ao crédito e outros programas que facilitassem o capital de giro para suporte durante a quarentena e manutenção de empregos. Nem mesmo os programas de redução de jornada com redução proporcional dos salários puderam ajudar a maior parte dos empresários.
O Serasa registrou um aumento de 30% nos pedidos de falência em maio. Já os pedidos de recuperação judicial dispararam 69%.
Diante da grave situação, os desempregados têm dificuldades de acessar o seguro desemprego e o governo federal ameaça cortar o auxílio emergencial para a legião de trabalhadores informais e desempregados. De acordo com previsões, o país terá em 2020 uma recessão com queda de quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) – o que significa que a recuperação dificilmente virá do setor privado sem o amparo do Estado.
Regiões
Em maio, 26 Estados registraram resultado negativo e apenas um, o Acre, teve saldo positivo, de 130 postos. Os estados mais atingidos com a queda no emprego formal foram São Paulo (-103.985), Rio de Janeiro (-35.959), Minas Gerais (-33.695 postos) e Rio Grande do Sul (-32.106 postos).
Além disso, o salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada caiu de R$ 1.810,08, em abril, para R$ 1.731,33 em maio.Uma queda real de -4,35%.