“Esperamos que o Itamaraty possa tomar ciência do grau de gravidade desse episódio e alertar o deputado Eduardo Bolsonaro a tomar mais cautela nos seus comportamentos e palavras”, diz a nota chinesa
Se havia ainda alguma dúvida sobre a insanidade genética dos filhos de Jair Bolsonaro e de alguns integrantes do alto escalão do governo, o episódio do ataque de Eduardo Bolsonaro ao povo e ao governo da China na quarta-feira (18), e a postura tomada pelo ministro das relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, cobrando desculpas do embaixador do país asiático por seu protesto, deram a certeza da incapacidade e de que, tanto o deputado quanto o ministro, estão mais a serviço do governo de Donald Trump do que do Brasil.
Aliás, a primeira manifestação do governo chinês em relação à fala de Eduardo foi exatamente neste sentido. “Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob a pena de tropeçar feio”, afirmou a representação diplomática chinesa. “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental que está infectando a amizade entre os nossos povos”, acrescentou a representação chinesa.
EDUARDO INSISTIU NAS OFENSAS
Eduardo Bolsonaro deu entrevista na quinta-feira defendendo que, como deputado, tem o direito de emitir opiniões contra a China. Ele disse que isso não afeta as relações entre os dois países. Apresentou uma justificativa de que outros parlamentares criticam os EUA e que, portanto, ele também tem o direito de agredir a China o quanto quiser. Disse que sua intenção não tinha sido atacar o povo chinês e que conversaria com o embaixador. Eduardo Bolsonaro afirmou que a interpretação foi equivocada. “Jamais ofendi o povo chinês, tal interpretação é totalmente descabida. Esclareço que compartilhei postagem que critica a atuação do governo chinês na prevenção da pandemia”.
A embaixada da China rejeitou a nova colocação de Eduardo bem como a versão dada por Ernesto Araújo. Em nota, divulgada na sexta-feira (20), a representação chinesa diz que não aceitou a gestão feita pelo chanceler Ernesto Araújo na noite do dia 18. “Esperamos que o Itamaraty possa tomar ciência do grau de gravidade desse episódio e alertar o deputado Eduardo Bolsonaro a tomar mais cautela nos seus comportamentos e palavras, não fazer coisas que não condizem com o seu estatuto, não falar coisas que prejudiquem o relacionamento bilateral e não praticar atividades que danifiquem a nossa cooperação”, diz um trecho da nota.
AGRESSÕES VIERAM DEPOIS DE REUNIÃO COM TRUMP
O ataque de Eduardo foi gratuito e veio logo em seguida da viagem que fez aos EUA. “Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. […] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. […] A culpa é da China e liberdade seria a solução”, publicou o filho de Bolsonaro, na quarta-feira(18).
O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que também esteve reunido com Trump, somou-se a Eduardo Bolsonaro nas ofensas à China. Ele disse que o embaixador chinês precisa pedir desculpas ao Brasil. Ernesto tentou desvincular as afirmações de Eduardo das opiniões do governo, mas, ao sair em defesa do parlamentar, o ministro, que fala pelo Itamaraty, abona a agressão à China. “Cabe lembrar, entretanto, que em nenhum momento ele [Eduardo] ofendeu o Chefe de Estado chinês. A relação do Embaixador foi, assim, desproporcional e feriu a boa prática diplomática”, disse o chanceler.
REPÚDIO À IRRESPONSABILIDADE DE EDUARDO FOI GENERALIZADO
Ao contrário da avaliação do Itamaraty, o repúdio à fala irresponsável de Eduardo Bolsonaro veio de todos os lados. O primeiro a desautorizar o deputado foi o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), depois foi o vice-presidente Hamilton Mourão, que disse que ele não expressava a posição do governo e que “se chamasse Eduardo Bananinha, ninguém daria a menor atenção”.
O porta-voz da bancada ruralista, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), falou em nome de 300 deputados contra o filho do presidente. “A Frente Parlamentar Brasil-China também protestou. “Viemos a público, mais uma vez, manifestar total repúdio à declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro que, irresponsavelmente, tenta imputar à nação chinesa a culpa pelo surgimento do coronavírus”, diz trecho da nota da Frente.
Diversos partidos políticos repudiaram o comportamento do filho “zero três” do presidente. O líder da oposição na Câmara, deputado André Figueiredo (PDT-CE), disse ao Congresso em Foco que vai protocolar na Casa Legislativa um pedido de convocação (íntegra) do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
“Como se a luta contra o coronavírus não fosse suficiente, o governo arruma briga com nosso maior parceiro comercial, por causa de uma postagem do filho do presidente. Esse é o Brasil de Bolsonaro: toda a energia dedicada às lambanças da família. Não conseguem unir, só dividir”, declarou o líder do PSB, deputado Alessandro Molon (RJ).
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), se solidarizou na sexta-feira (20), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, com o governo e o povo chinês e repudiou os ataques que eles vêm sofrendo, numa referência direta às mensagens de Eduardo Bolsonaro.
O deputado João Campos (PSB-PE) chamou Eduardo de ‘amador. “Não sei o que é mais louco: 1 – O filho do presidente, defensor de governos autoritários, criticar sem prova o Governo da China; 2 – Gratuitamente, arranhar a relação com o maior parceiro comercial do Brasil. Chega de amadorismo, Eduardo Bolsonaro”, comentou.
PARTIDOS E PERSONALIDADES CONDENARAM OS ATAQUES
Em nota, o PCdoB diz que a agressão de Eduardo Bolsonaro “é absolutamente torpe e inconsequente” e “desrespeita profundamente a ação conjunta do governo chinês que, em harmonia com seu povo, há meses luta contra a Covid-19.” O PCdoB destaca a ação correta do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia ao pedir desculpas ao governo chinês pelo desrespeito inconsequente do filho presidente brasileiro.
“Como no Brasil as coisas vão ‘muito bem’, Eduardo resolveu criar confusão com a China. O ataque dele, que é o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, merece repulsa absoluta. Imbecilidade sem tamanho, ainda mais pelo cargo que ocupa. Será que ele esqueceu que a China é o país com maior volume de relações comerciais com o Brasil?”, questionou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).
Pelo mesmo twitter, brasileiros se revezaram pedindo desculpas aos chinesas, fazendo com que a hashtag “DesculpaChina” se tornasse um dos assuntos mais comentados do dia. O deputado pelo PPS-SP, Roberto Freire inclusive a utilizou. “Eduardo Bolsonaro, filho 03, ataca a China. Araújo, ministro teleguiado, dobra a vergonha e enxovalha o nome do Brasil institucionalmente. Pôs interesses eleitorais e familiares acima da política externa. Fala pelos “eleitores” de Bolsonaro, não pelos brasileiros. #DesculpaChina”, escreveu o parlamentar em suas redes.
O ex-governador do Ceará e provável candidato à presidência em 2022 pelo PDT, Ciro Gomes também não usou filtros para se referir à crise protagonizada pelo filho do presidente. “A Câmara Federal tem que abrir o processo de cassação deste marginal Eduardo Bolsonaro!”, defendeu.
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acusou o clã Bolsonaro de atuar contra o país. “A China é um dos nossos principais parceiros comerciais, além de ter experiência e recurso no combate ao Coronavírus, e com certeza vamos precisar de ajuda. Mas a irresponsabilidade da família Bolsonaro chega a ser criminosa contra os interesses do Brasil”.
Marcelo Freixo (PSOL-RJ) buscou enquadrar o deputado bolsonarista. “Em vez de procurar briga com a China, nosso principal parceiro comercial, Eduardo Bolsonaro deveria estar trabalhando para ajudar o país a enfrentar a crise. Chega! Parem de jogar com a vida dos brasileiros! Assumam a responsabilidade ou ao menos não atrapalhem quem quer trabalhar!”, declarou.
Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do Governo na Câmara, aproveitou a situação para tripudiar do hoje adversário. “As relações comerciais que não foram afetadas pelo coronavírus podem ter sido implodidas por um tuíte lacrador do filhote do presidente. Como os produtores rurais estão se sentindo?”
MAIOR PARCEIRO
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e figura como uma das principais fontes de investimento no Brasil. Em 2019, a balança comercial com o país asiático teve superávit de mais US$ 30 bilhões de dólares: o Brasil exportou US$ 65,3 bilhões, e importou US$ 35,8 bilhões. A China controlou internamente a pandemia de coronavírus, e não reportou nenhum caso de transmissão local nesta quinta-feira (hora local). O país tem buscado usar a pandemia e o controle interno dela no país como uma poderosa arma de soft power, oferecendo auxílio técnico e financeiro a diversos países.
NOTA DA EMBAIXADA DA CHINA NO BRASIL
2020/03/20
Em 18 de março, o deputado federal Eduardo Bolsonaro fez acusações desfundamentadas anti-China no seu Twitter, atacando as medidas tomadas pelo governo chinês no combate ao COVID-19 e difamando o nosso sistema político. Estamos extremamente chocados por tal provocação flagrante contra o governo e povo chinês. Manifestamos nossa profunda indignação e forte protesto pela atitude irresponsável do deputado Eduardo Bolsonaro.
Como deputado federal e figura pública especial, as palavras do Eduardo Bolsonaro causaram influências nocivas, vistas como um insulto grave à dignidade nacional chinesa, e ferem não só o sentimento de 1.4 bilhão de chineses, como prejudicam a boa imagem do Brasil no coração do povo chinês. Geram também interferências desnecessárias na nossa cooperação substancial. Tal comportamento é totalmente errôneo e inaceitável, veementemente repudiado pelo lado chinês. O Embaixador Yang Wanming já comunicou ao chanceler Ernesto Araújo a nossa posição solene. Temos pleno conhecimento da política externa brasileira com a China e acreditamos que nas suas linhas não houve qualquer mudança.
Ao mesmo tempo, opomo-nos às difamações e insultos contra a China impostos por qualquer um e sob qualquer forma. A parte chinesa não aceitou a gestão feita pelo chanceler Ernesto Araújo à noite do dia 18. O deputado Eduardo Bolsonaro tem que pedir desculpa ao povo chinês pela sua provocação flagrante. O lado chinês defende sempre e de forma resoluta os seus princípios e jamais será ambíguo e tolerante com qualquer prática que afronte os seus interesses fundamentais. Esperamos que alguns indivíduos do lado brasileiro, na sua minoria, abandonem as suas ilusões e muito menos subestimem a nossa resolução e capacidade de salvaguardar os nossos próprios interesses.
Ao longo do ano passado, com o esforço conjunto dos dois países, o relacionamento sino-brasileiro tem se desenvolvido de forma saudável e estável. O Presidente Xi Jinping e o Presidente Jair Bolsonaro efetuaram uma troca de visitas, conseguindo alcançar novos consensos sobre as relações bilaterais. O Diálogo Estratégico Global China-Brasil foi realizado com pleno sucesso, fazendo com que a nossa confiança política mútua fosse consolidada.
Desde o surto do COVID-19, os nossos dois países têm mantido contatos estreitos e amistosos. O Presidente Bolsonaro manifestou a solidariedade para com o governo e povo chinês, razão pela qual o lado chinês agradece muito. Atualmente, de acordo com o pedido do Ministério de Saúde do Brasil, estamos ajudando o país a adquirir os materiais médicos mais urgentes da China.
Ao longo do último dia, temos recebido apoio e solidariedade de todos os setores da sociedade brasileira. Ao manifestarmos a nossa gratidão, percebemos que os que atrapalham o desenvolvimento das relações bilaterais se limitam a uma minoria na população brasileira, enquanto a maioria esmagadora está em defesa da nossa fraternidade. Esperamos que o Itamaraty possa tomar ciência do grau de gravidade desse episódio e alertar o deputado Eduardo Bolsonaro a tomar mais cautela nos seus comportamentos e palavras, não fazer coisas que não condizem com o seu estatuto, não falar coisas que prejudiquem o relacionamento bilateral e não praticar atividades que danifiquem a nossa cooperação. Temos a certeza de que o Itamaraty certamente vai levar em consideração o quadro geral das relações sino-brasileiras e envidar esforço junto conosco para salvaguardar o ambiente favorável do nosso relacionamento.
Bolsonaro e família a China não é a Venezuela observou o peso da resposta do governo Chinês ou não vou relembrar. Aconselhamos que não corra para ser porta-voz dos EUA no Brasil, sob pena de troprçar feio acho que tu sabes o que é tropeçar ou não dê uma de valentão e veja o que acontecerá.
Porque o Ministro das Relacoes Exteriores nao e Anti-Australia? Afinal a Australia e o pais mais racista do mundo e varios estudantes brasileiros ja foram assassinados.
Uma mulher brasileira Fabiana Palhares foi assassinada e a politica de Apartheid da Australia nao esta sendo condenada pelo Ministro do Itamaraty Ernesto Araujo.
Mais uma vez vemos que o ministro e o cachorro “pequines” da Australia e EUA.
Ele e parodiado como cachorro dos EUA e Australia. Inclusive a imprensa Australiana so faz piada do Presidente do Brasil e do Itamaraty. E o Ministro esta todo amoroso com a Ministra da Australia que apoia racismo.
Milhares de criancas australianas ainda sao removidas a forca e nos nao vemos o Ministro condenar o Racismo na Australia.
O escritor John Pilger la falou em genocideo e outros paises mas o Brasil que tem lei contra racismo esta calado.
Esse Ministro e o Mickey Mouse Ministro do Itamaraty.
E uma vergonha mesmo.
O Brasil regrediu 20 anos com o Itamaraty.