Documentos agora vazados revelam que embaixador britânico em Washington, Sir Kim Darroch, ao descrever o presidente Trump em uma série de memorandos enviados a figuras importantes do governo inglês, expressou sua avaliação de que o presidente norte-americano é “inepto”, “inseguro” e “incompetente”. Essa correpondência foi trocada durante o verão de 2017.
Segundo relato do jornal Daily Mail, que teve acesso às notas, o Conselheiro de Segurança Nacional da Grã-Bretanha, Sir Mark Sedwill, solicitou que Darroch registrasse sua avaliação acerca da liderança e do estilo de personalidade do presidente Trump para preparação de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional.
No documento confidencial de seis páginas, marcado como “Oficial Sensível”, Darroch, um dos principais diplomatas do Reino Unido, adotou postura realista e não economizou observações desfavoráveis sobre o presidente, que acabara de concluir seus primeiros 150 dias no cargo.
“BRIGA DE FACAS”
Em suas notas, o embaixador afirmou que a carreira do atual presidente poderia acabar em “desgraça” e que sua administração é “excepcionalmente disfuncional” e expressou sérias dúvidas de que “este governo” possa vir a ser “substancialmente mais normal, menos imprevisível, menos fragmentado, menos diplomático e inapto”. E ainda descreveu os conflitos internos da administração Trump como “brigas de faca” .
Quanto à figura política de Trump, o embaixador britânico observou que o líder norte-americano “irradia insegurança”: preenche seus discursos com “declarações falsas e estatísticas inventadas”.
Darroch também previu que a política econômica do presidente Trump poderia arruinar o sistema de comércio mundial e declarou não acreditar que a Casa Branca de Trump venha a “parecer competente um dia”.
Darroch ainda fez referência à capacidade do presidente Trump de sobreviver à controvérsia afirmando que ele “emergirá das chamas, mas estará intacto, como Schwarzenegger nas cenas finais de O Exterminador do Futuro”. Essa fica na lista de “a conferir”.
Apesar de sua avaliação não contornar ou evitar os aspectos negativos, Darroch demonstrou que não lhe move nenhuma idiossincrasia a Washington nem ao atual inquilino da Casa Branca ao reconhecer os laços históricos entre os Estados Unidos e o Reino Unido, chamando a relação de “profunda” e considerando ser este “o nosso relacionamento bilateral mais importante”.
Ele também enfatizou a importância do presidente estar em contato frequente com a então primeira-ministra britânica, Theresa May. “Não há substituto consistente e confiável para o telefonema pessoal da primeira-ministra”, disse ele. “O presidente Trump respeita e gosta dela”. Como ninguém acerta todas, essa avaliação de Sir Darroch se mostrou equivocada. A ex-premiê May que o diga.