Alega culpa do Hamas, mas não explica porque listas de pessoas que podem deixar Gaza, divulgadas até agora, contemplam em sua grande maioria aliados do regime de terror de Netanyahu
A fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, pela cidade de Rafah, foi reaberta nesta quinta-feira (10) para a saída de estrangeiros do território palestino mas nenhum brasileiro foi autorizado por Israel a sair da região. O grupo de 34 brasileiros segue, portanto, como refém da ditadura israelense. O grupo relata um clima de terror provocado pelas bombas despejadas por Tel Aviv sobre Gaza.
O regime de Netanyahu já divulgou seis listas de pessoas que podem sair de Gaza sem incluir os brasileiros. A grande maioria dos que já saíram de Gaza são americanos e europeus. A saída de brasileiros, que, segundo o Itamaraty, o governo de Israel garantiu que aconteceria até quarta-feira, foi adiada mais uma vez.
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, que participou na quarta (8), na sede do Congresso Nacional, de um ato com Jair Bolsonaro e elementos da extrema-direita brasileira, tentou culpar, primeiro o Hamas e depois o Egito, pela retenção dos brasileiros em Gaza. Ele só não explicou porque as listas estão contemplando, em sua grande maioria, países que são alinhados politicamente com o regime israelense.
“Hamas é o único fator atrasando a saída dos brasileiros”, alegou embaixador. No entanto, logo em seguida, admite que é Israel que decide. “O Estado de Israel está empregando esforços para retirar todos os estrangeiros de 20 países e para aumentar a cota, de forma a compensar o atraso causado pelo Hamas”, ressaltou Zonshine.
Daniel Zonshine já havia criticado para a imprensa o governo brasileiro e foi chamado a prestar esclarecimentos ao Palácio do Itamaraty por declarações polêmicas ou equivocadas por ao menos três vezes. O governo brasileiro está aumentando a pressão sobre Israel para que os brasileiros sejam libertados e possam ir para o Egito.
Mesmo alertado, o embaixador mantém o que diplomadas e auxiliares do presidente definem como “uma rota absolutamente equivocada”. O desconforto é tal que muitos avaliam, internamente, no Planalto, que ele “não é interlocutor” para essa crise. A reunião com a extrema-direita foi interpretada pelo governo Lula como uma evidente provocação.